Adolescência: saúde mental é analisada por especialistas da região

A psicopedagoga da Fundação Santo André, Veronice Torres, destaca a importância de pais, educadores e responsáveis estarem atentos às questões emocionais. “A infância e a adolescência são períodos de intensa formação do sistema emocional e dos padrões de relacionamento deste indivíduo. Os sinais de um sofrimento emocional precisam ser acolhidos e compreendidos”, ressalta.

Para a especialista, cuidar da saúde emocional desde cedo é um investimento na qualidade de vida, fato constatado pela professora de matemática Marli Raimunda Santos de Souza, 55 anos, mãe da estudante Maria Victória Alves de Souza, 16, que mora em São Bernardo e leciona para adolescentes. 

“Tenho a impressão que eles vivem em um mundo paralelo e na correria do dia a dia os pais podem não prestar atenção nos filhos, deixando-os desamparados. Minha filha teve problemas com ansiedade e tinha dificuldade de se abrir e expressar seus sentimentos. Depois que começou a fazer terapia melhorou bastante. Se todos nós pudéssemos fazer, seria bom porque ajuda muito”, avalia.

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A professora diz que muitos pais acham que os filhos cresceram prontos para lidar com o mundo e não observam comportamentos como ficar trancado no quarto jogando de madrugada. “Há alguns dias um aluno do nono ano desabafou que estava sofrendo bullying há dois anos. Nós não percebemos, pois, muitas vezes, acontece de forma velada. Nós como professores não temos como perceber tudo, são muitos alunos”, conta. Marli tem cerca de 250 alunos.

BULLYING

A escola é o primeiro espaço social significativo fora da família e tudo que é vivido nela pode ser determinante para o desenvolvimento emocional de uma criança ou adolescente.

A psicóloga de São Bernardo Andrea Deis explica que nesta idade a ausência de suporte emocional adequado vai causar grandes danos. “O ambiente escolar é um dos principais locais de socialização, de construção de identidade social. Quando o bullying acontece, nem sempre o adolescente vai se sentir em um ambiente seguro para compartilhar. E quando esses ataques não são declarados, podem acarretar em um pico de estresse como aconteceu na série. O bullying mina todos esses processos fundamentais, ele impõe uma situação de opressão contínua, de exclusão, desvalorização e humilhação, e pode gerar uma ação irreversível”, explica. A especialista diz que os traumas nessa fase podem definir a personalidade, estruturar o caráter e resultar em um transtorno mental na vida adulta.

A diretora operacional da Escola Vereda, com unidades em Santo André e São Bernardo, Andrea Piloto, observa que crianças e adolescentes que vivem situações de exclusão podem desenvolver baixa autoestima, ansiedade e até depressão. “O ambiente escolar é determinante no desenvolvimento emocional, porque é nele que crianças e adolescentes aprendem a conviver e a negociar diferenças. Entre os principais sinais de sofrimento emocional que percebemos em sala estão mudanças bruscas no comportamento, isolamento, queda repentina no desempenho acadêmico, irritabilidade excessiva e dificuldades nas relações interpessoais”, sinaliza.

Tais sintomas precisam ser tratados o quanto antes, mas, para isso, o acesso a terapias gratuitas precisa ser ampliado. Por esse motivo, o Diário tem encabeçado uma campanha em prol da construção de um complexo de saúde mental na região, a qual está sendo apoiada pela população.

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