Incidência Falta de luz solar é a principal causa do distúrbio; especialistas detalham sintomas, impactos e formas de tratamento para o transtorno afetivo
FOTO: Celso Luiz/DGABC

No inverno é comum ouvir relatos sobre constantes mudanças de humor e aumento de desânimo. Essas alterações nos dias mais frios, nublados ou chuvosos, quando persistentes, podem estar associadas ao TAS (Transtorno Afetivo Sazonal), mais conhecido como depressão sazonal, ou seja, condição que afeta a saúde mental de um indivíduo durante períodos específicos do ano.
Especialistas ouvidos pelo Diário explicam que esse distúrbio ocorre, mais especificamente, durante o outono e o inverno, e pode ser provocado pela menor incidência de luz solar e por dias mais curtos. A ausência desses fatores influencia no ritmo circadiano do organismo, condição que pode alterar o humor e o sono de um indivíduo. Pessoas com histórico de depressão e ansiedade, e algumas doenças vasculares, estão mais predispostas ao transtorno.
O psiquiatra e coordenador da psiquiatria do Hospital Albert Sabin, Marcel Fúlvio Padula Lamas, esclarece que os sintomas incluem humor deprimido, perda de interesse por atividades, fadiga excessiva, alterações no sono e apetite (comum aumento do sono e desejo por carboidratos), dificuldades cognitivas e, em casos mais graves, ideação suicida.
“Essas manifestações podem comprometer o desempenho no trabalho ou nos estudos, afetar os relacionamentos e diminuir significativamente a qualidade de vida. Ainda existe certo desconhecimento sobre o TAS, tanto entre pacientes quanto entre alguns profissionais da saúde. Muitas pessoas interpretam os sintomas como preguiça, drama ou sensibilidade ao frio, sem perceber que se trata de um transtorno psiquiátrico reconhecido”, disse Lamas.
O tratamento para a depressão sazonal pode ser realizado com diferentes abordagens, como a fototerapia, que é a exposição diária à luz artificial; prática de exercícios físicos; uso de antidepressivos e psicoterapia, conforme descreve Pérsio de Deus, psiquiatra e médico-assistente do hospital Nossa Senhora de Fátima, na Capital.
“Além da falta de luz solar, o frio pode promover maior isolamento social das pessoas, afetando a microcirculação, e órgãos menos irrigados, como o cérebro, podem ter o funcionamento prejudicado. Então, o TAS não é preguiça e nem frescura. É um distúrbio psíquico que impacta a vida e a saúde mental de quem apresenta essa condição”, alerta Pérsio.
Entre as principais formas de prevenção do transtorno estão manter rotina regular do sono, praticar atividade física, cultivar conexões sociais, consumir alimentação balanceada e buscar exposição solar sempre que possível, destacam os psiquiatras.
“Mudanças de humor que ocorrem de maneira recorrente em determinadas épocas do ano merecem avaliação profissional. Quanto mais precoce a intervenção, melhores os resultados”, comenta Lamas.
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VERÃO
Além das estações mais frias do ano, como outono e inverno, o TAS também pode ocorrer durante os períodos mais quentes, como primavera e verão. A psicóloga especialista em TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental), Rejane Sbrissa, conta que nas temperaturas mais elevadas, as pessoas podem apresentar sintomas de depressão como agitação, perda de apetite, insônia, dificuldade em relaxar e ansiedade.
“O distúrbio de verão tem a ver com as altas temperaturas juntamente com a alta umidade do ar, que causam desconforto e irritabilidade. No Brasil existem poucas pesquisas em relação ao tema, pois a incidência é baixa, mas há alguns estudos sobre sintomas depressivos e o impacto do clima no bem-estar psíquico e emocional. Apesar de ser bem menor a prevalência, é possível, sim, desenvolver um transtorno afetivo sazonal relacionado ao verão”, ressaltou Sbrissa.
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