Saúde de Família & Comunidade
FOTO: Gilmar

De tempos em tempos, o papel do SUS vira alvo de polêmica, principalmente, por pessoas que alegam que não utilizam os serviços de saúde oferecidos, ainda mais quando se tem acesso a planos de saúde para consultas, hospitais e pronto socorro privados. Mas o papel do Sistema Único de Saúde vai muito além disso.
Todo(a)s brasileiro(a)s usufruem do SUS de forma direta e indireta. De acordo com o Ministério da Saúde, o SUS é um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo. É muito comum nos depararmos com relatos de estrangeiros que passam férias por aqui e que se surpreendem quando precisam de atendimento médico e não pagam nada na saída. Ainda mais, se essas pessoas forem de países cujos sistemas não são públicos, como o americano.
Nós utilizamos o SUS em diversas frentes, não apenas como pacientes nas Unidades Básicas de Saúde, onde por meio da Atenção Primária à Saúde, pode-se ter acompanhamento para tratamento, controle e prevenção de doenças crônicas, além do diagnóstico. Temos cirurgias para situações graves como câncer, transplantes e acidentes. E por falar em situações de risco, o SAMU também faz parte do SUS. Pré-natal, partos e exames como teste do pezinho também se encaixam, assim como os bancos de sangue e de leite, que prestam um imensurável serviço à população.
Sobre as vacinas, somos um exemplo mundial. Com elas, a expectativa de vida do brasileiro aumentou. Hoje, não temos mais doenças que causam impacto em âmbito individual, familiar e de toda uma comunidade, como a poliomielite. O Programa Nacional de Imunização também oferece vacinas contra doenças muito atuais como a Covid-19.
Mas o nosso sistema de saúde engloba também a segurança alimentar. Não importa o nível de restaurante que você frequenta. Desde os mais simples até os estrelados, têm aval da vigilância sanitária local para atuação.
E sim, o SUS ainda enfrenta muitos desafios, afinal, para um sistema em um país tão grande, com populações concentradas nas capitais e em comunidades que ainda vivem isoladas, promover uma saúde pública, universal, integral e gratuita requer investimentos e uma força-tarefa entre governos federal, estaduais e municipais.
A ampliação do número de médico(a)s de família e comunidade não só nas capitais, mas em lugares remotos, ainda é uma necessidade, para que as filas e demandas de emergências sejam minimizadas. Pesquisas e estudos nacionais e internacionais indicam que o investimento em Atenção Primária, muito mais que melhorar a qualidade de vida da população, reduz os custos do sistema de saúde.
O aumento de vagas para atendimento de demandas complexas como UTIs, redução de filas de espera para exames e atendimento mais rápido no diagnóstico de doenças graves são outros fatores que também estão em amplo debate.
E mesmo com essas demandas, o SUS continua sendo uma das nossas joias mais preciosas. Sem ele, o acesso à saúde seria quase inviável, estaríamos vulneráveis e suscetíveis a muitos vírus, além de uma falta de controle de doenças crônicas como diabetes e hipertensão, causando muitas mortes evitáveis.
Por isso, que o SUS precisa ser mais que exaltado, mas defendido e ovacionado. Afinal, todos nós dependemos dele.
Fabiano Gonçalves Guimarães é presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
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