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Proprietário de clínica clandestina em Ribeirão Pires está foragido da Justiça

Douglas Navarro é investigado por manter internos dopados, espancados e isolados de familiares; prisão preventiva foi decretada dia 5 de agosto

13/08/2025 | 16:56
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FOTO: Ryan Hanada/PMETRP
FOTO: Ryan Hanada/PMETRP Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


A PM (Polícia Militar) e a GCM (Guarda Civil Municipal) de Ribeirão Pires procuram há seis dias por Douglas Navarro Alves, dono de uma comunidade terapêutica para dependentes químicos, acusado de tortura, internação forçada e cárcere privado pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo).

O espaço, chamado Associação Clínica Terapêutica Comunidade Libertar, funcionava no bairro de Ouro Fino e é investigado desde 2023, quando foi fechado após a denúncia de nove internos que conseguiram fugir. As vítimas relataram ter sido dopadas, espancadas, forçadas a tomar banhos gelados e impedidas de falar com familiares.

A ordem de prisão preventiva foi expedida pela 3ª Vara Cível de Ribeirão Pires em 5 de agosto. Segundo o promotor Jonathan Vieira de Azevedo, a medida é necessária para impedir que o investigado reabra clandestinamente a clínica.

“Essa conduta não só desafia a Justiça, mas coloca em grave risco pessoas vulneráveis. Assim, entendo que a sua detenção é fundamental para interromper este perigoso ciclo de crimes e proteger a nossa comunidade”, afirmou.

Em maio, enquanto respondia ao processo em liberdade, Douglas teria passado o ponto ao irmão, Deividison Navarro. O local foi rebatizado como Reviver, mas acabou lacrado na última semana pela Vigilância Sanitária em operação conjunta com a GCM, Assistência Social e Fiscalização de Posturas. Mesmo sem alvará, um interno foi encontrado e encaminhado à família.

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Histórico de abusos

A Comunidade Libertar foi fechada em novembro de 2023 pela Prefeitura, quando abrigava 37 internos na Estrada Vereadora Mercedes D’Orto, km 4. Segundo a investigação, a clínica não tinha alvará e cobrava R$ 1.000 mensais das famílias. O promotor classificou o espaço como “um verdadeiro depósito humano; um centro de internação involuntária em massa, que não dispunha de condições de alimentação e higiene adequadas”.Para manter o controle, os internos eram obrigados a ingerir ‘danoninhos’ – mistura ilegal de medicamentos psiquiátricos. Uma das vítimas, Fábio Pires Carapiá, disse ter dormido três dias após consumir o coquetel. O tratamento incluía ainda agressões físicas, banhos gelados, humilhações, ameaças de cortar alimentos e visitas, além de ligações monitoradas.

Havia também uma cantina com preços altos, usada como forma de exploração financeira. Anderson Roberto Pedro Carvalho, outra vítima, relatou que quem reclamava sofria represálias.

Em 1º de dezembro, após a clínica ser interditada pela Vigilância Sanitária, três internos fugiram ao saber que seriam transferidos sem consentimento das famílias. Douglas teria atropelado o trio durante a fuga, causando ferimentos leves, mas eles conseguiram chegar à Subprefeitura e pedir ajuda.

O caso levou a Prefeitura a intensificar a fiscalização das 19 comunidades terapêuticas registradas na cidade. Até agora, 11 já foram inspecionadas.




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