Saúde de Família & Comunidade Titulo Saúde de Família & Comunidade

Como o aquecimento global afeta nossa saúde

Fabiano Gonçalves Guimarães
18/08/2025 | 08:46
Compartilhar notícia
 Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


Com a proximidade da COP30 aqui no Brasil, o debate sobre frear o aquecimento global aumenta. Empresas multinacionais, líderes de diversos setores, especialistas em clima, saúde e economia, além de cientistas e governantes de diferentes esferas estarão reunidos no mês de novembro para discutir ações para combater o aumento da temperatura do planeta. 

A COP30 é a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas. Este ano, será em Belém, no Pará, em uma das regiões mais ricas em fauna e flora do mundo: a Amazônia. E muito mais que reunir mais de 40 mil pessoas, o evento trará abordagem sobre algo que interessa a todos nós: a nossa sobrevivência. 

Em pleno 2025, é impossível não sentir na pele o impacto das mudanças climáticas no nosso dia a dia e não importa a cidade, estado ou país em que se vive. A segunda quinzena do mês de julho foi considerada a mais fria dos últimos 10 anos na cidade de São Paulo. Enquanto isso, a Europa sofre com termômetros acima de 40 graus, cuja onda de calor pode ter matado mais de duas mil pessoas no continente apenas este ano, de acordo com estudo publicado mês passado pelo Imperial College London e da London School of Hygiene and Tropical Medicine. 

As mudanças climáticas refletem também em incêndios e enchentes. A tragédia em Porto Alegre que completou um ano entre abril e maio é uma lembrança que deixa marcas que alertam a urgência de Políticas Públicas efetivas, que vigorem em âmbito global, para que catástrofes como essa sejam evitadas, além de prevenção de doenças que ficam mais evidentes com o aumento da temperatura da Terra. 

Um bom exemplo para países tropicais é a incidência cada vez maior da dengue. Com o calor, os insetos estão se proliferando mais e sobrevivendo a longos períodos, aumentando a contaminação, e em consequência, o sofrimento pelas dores, já que a dengue causa muitos sintomas intensos e que, em casos graves, leva a pessoa à morte. Vivemos o mesmo risco com o aumento da incidência da malária. 

A insegurança alimentar é outro fator que se agrava com o aquecimento do planeta. Com menos alimentos disponíveis, teremos um maior número de desnutridos, além da desidratação provocada pelo calor, com aumento de risco para as pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social, que não têm acesso a água potável e condições de se protegerem adequadamente contra as ondas de calor e frio. 

Com todas essas informações alertamos que o aquecimento global é muito mais do que uma crise climática, mas algo muito maior que envolve uma crise na saúde pública no Brasil e em todo o mundo. 

Quem é da área da saúde, principalmente, da Medicina de Família e Comunidade, estuda o impacto do aquecimento global e mudanças climáticas na saúde da população há muitos anos. Por meio do conceito Saúde Planetária, tem-se discutido a relação entre a preservação do planeta para que todas as espécies que vivem nele sejam preservadas e não sejam vítimas de situações que poderiam ser evitadas. 

Que a partir da COP30, governos e grandes empresas tornem ações teóricas em práticas para proteção efetiva do meio ambiente do qual precisamos para manter a nossa sobrevivência, sem riscos à nossa saúde e das futuras gerações.

Fabiano Gonçalves Guimarães é presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;