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Os adoçantes e o cérebro!

Antonio Carlos do Nascimento
08/09/2025 | 09:08
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FOTO: Seri/DGABC Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


Os adoçantes artificiais são capazes de oferecer doçura às papilas gustativas sem entregar calorias ao organismo e estas características fizeram com que por muitas décadas fossem considerados notáveis componentes de dietas saudáveis, especialmente para diabéticos e na prevenção e tratamento da obesidade.

Mas, ao longo dos anos, estudos científicos extensos demonstram a ineficácia destas substâncias no impedimento do ganho de peso e na sua perda, estando ainda associadas a mudanças da flora intestinal, alteração da resposta insulinêmica e possível relação causal com alguns cânceres. 

Um estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina da USP e publicado na última quarta-feira na respeitadíssima revista Neurology, expõe resultados que ampliam a lista de deméritos, sugerindo estreito vínculo entre o consumo de adoçantes e declínio cognitivo mais acelerado, comprometendo memória, fluência verbal, velocidade de processamento e raciocínio.

O estudo dimensionou o consumo de aspartame, sacarina, acessulfame-K, eritritol, xilitol, sorbitol e tagatose, em 12.772 adultos, com idades entre 35 e 74 anos, os quais foram acompanhados por cerca de oito anos e submetidos a testes cognitivos periódicos. 

Os participantes foram separados em três grupos, de acordo com a ingestão diária: alta, média e baixa. Para o grupo de alta ingestão, consumo médio acima de 191 mg/dia, o declínio cognitivo foi 62% mais acelerado em comparação à baixa ingestão. Para o grupo de média ingestão, consumo médio de 64 mg/dia, o declínio cognitivo foi 35% mais rápido quando comparado à baixa ingestão. Enquanto a baixa ingestão, consumo médio menor que 20 mg ao dia, não se relacionou a declínio cognitivo no período avaliado.

Diabéticos e indivíduos com menos de 60 anos foram mais impactados, apresentando comprometimentos mais evidentes, com justificativas plausíveis que deixarei propositadamente para outra oportunidade. 

Embora neste estudo a pouco consumida tagatose tenha escapado da conexão com o declínio cognitivo e a adorada sucralose não tenha sido incluída, estamos diante de (mais) evidências contundentes, as quais devem posicionar o uso de adoçantes artificiais, ao menos, como temerário!




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