Mais gestão, menos polarização O assassinato do influenciador norte-americano Charlie Kirk, ocorrido nos Estados Unidos, é mais um episódio que nos obriga a refletir sobre os rumos da política e da convivência social em escala global. Trata-se de um fato trágico, que não pode – em hipótese alguma – ser naturalizado. A perda de uma vida humana não pode ser reduzida a disputas partidárias ou ideológicas. Este não é um debate sobre direita ou esquerda, situação ou oposição: é, acima de tudo, sobre humanidade, civilidade e respeito.
Durante minha experiência à frente de uma cidade com mais de 700 mil habitantes, aprendi que a boa gestão não é apenas sobre números, obras ou indicadores sociais. É também, e sobretudo, sobre criar um ambiente em que as pessoas possam viver em paz, protegidas de uma lógica destrutiva que transforma divergências em trincheiras. Em Santo André, com uma equipe dedicada e focada, conseguimos blindar a cidade de parte da guerra ideológica que contaminava o cenário nacional. E esse foi um dos maiores legados: provar que é possível fazer política sem transformar a política em guerra.
Infelizmente, a realidade mostra que, quando a polarização extrema toma conta, ela não atinge apenas os discursos nos palanques ou nas redes sociais. Ela invade lares, dissolve amizades, fragmenta comunidades. O ódio se infiltra no cotidiano e passa a pautar decisões individuais e coletivas. Quando isso acontece, todos perdem. O Estado perde sua capacidade de mediar conflitos. A sociedade perde sua coesão. E as pessoas, no dia a dia, perdem a confiança no diálogo, substituindo-o pelo medo e pela intolerância.
A democracia se sustenta no direito de discordar. É natural – e até saudável – que ideias, projetos e visões de mundo se enfrentem em debates intensos. Esse é o espírito democrático: permitir pluralidade, dar voz às diferenças, garantir a convivência entre pensamentos opostos. Mas quando a divergência se converte em violência, ultrapassamos a fronteira que nos separa da barbárie. Normalizar a violência política significa abrir mão daquilo que nos torna humanos.
Na minha trajetória como gestor, constatei que as melhores soluções sempre nascem do diálogo. Projetos importantes para a cidade só avançaram porque ouvimos, negociamos, construímos consensos. Isso é verdade no Brasil, nos Estados Unidos, em Gaza, na Ucrânia ou em qualquer outro lugar onde o conflito ameaça a vida das pessoas. O caminho não é o confronto, mas a mediação; não é a imposição, mas a construção coletiva.
O episódio envolvendo Charlie Kirk deve servir de alerta não apenas aos norte-americanos, mas ao mundo inteiro. Não podemos aceitar que divergências políticas se transformem em justificativas para a eliminação física do outro. A vida humana é sagrada, sempre – independentemente de qualquer diferença de opinião. É isso que deve nos unir como civilização. Afinal, por trás de ideologias, partidos ou governos, existe um desejo comum que ultrapassa fronteiras: garantir que nossos filhos e filhas cresçam em paz, em sociedades mais justas, seguras e humanas.
Por isso, ao refletirmos sobre esse crime brutal, precisamos reafirmar valores básicos que não podem ser relativizados: a dignidade da vida, o respeito ao próximo, a convivência democrática. Não se trata de defender este ou aquele lado, mas de defender a própria ideia de civilização. Porque, no fim das contas, todos nós queremos viver em um mundo onde o futuro não seja definido pela violência, mas pela capacidade de dialogar e construir juntos.
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