Diarinho Após proibição de uso do dispositivo nas instituições de ensino, estudantes têm variado atividades atrás de distração e diversão
FOTO: André Henriques/DGABC

Com certa desconfiança entre os estudantes, entrou em vigor em janeiro deste ano a Lei Federal 15.100, sancionada pelo governo federal, que proibiu o uso de celulares no ambiente escolar, seja em horário de aula ou nos intervalos. O objetivo é proteger a saúde mental e o bem-estar dos alunos, além de incentivar a socialização e melhorar o desempenho acadêmico.
A decisão, evidentemente, mudou drasticamente a rotina dos estudantes. Muitos deles se mostraram perdidos com a restrição. E coube às instituições de ensino encontrar maneiras de substituir a rotina nas telas por atividades, sejam recreativas e/ou educacionais.
Localizado em Santo André, o tradicional Colégio Xingu adquiriu mesas de pingue-pongue, modalidade que acabou se tornando uma febre entre as crianças, além de estimular as práticas esportivas. Os alunos também sugeriram outras atividades ao conselho escolar, já colocadas em prática: pular corda, futmesa e jogos coletivos. Tudo para deixar o recreio mais divertido.
As mudanças têm sido bem-vistas pelos alunos. Isadora Marcelino, 13 anos, moradora do bairro Vila Gilda, em Santo André, afirma que antes da restrição, seus amigos demoravam a prestar atenção nas aulas. “Se distraíam muito com o celular, demoravam demais para prestar atenção no conteúdo. Hoje está muito melhor, pois os professores conseguiram ter a atenção de volta”, afirmou.
Já Lívia Batistelli Thinen, 13, habitante do bairro Valparaiso, também em Santo André, explica que os primeiros dias da restrição ao uso do aparelho foram difíceis, mas que se acostumou aos poucos. E, ao deixar a tecnologia de lado, a socialização foi a “cereja do bolo”. “Mesmo que eu ainda goste do meu celular, o intervalo ficou melhor. A gente está brincando e conversando bastante”, disse.
Em São Bernardo, o Colégio Vereda utiliza espaços de leitura e o icônico Grêmio Estudantil no processo de amadurecimento, com interações saudáveis. Entretanto, os jogos de tabuleiros são os xodós da criançada, como o clássico xadrez e o ludo, desenvolvendo raciocínio lógico e pensamento estratégico.
É possível dizer que a diversão e o aprendizado caminham lado a lado. A estudante Marcella Haberbeck, 15, moradora da Vila Lusitânia, em São Bernardo, destacou as melhorias apresentadas no rendimento. “Antes, eu usava bastante o celular nos intervalos. Hoje, consigo aproveitar os jogos e as atividades literárias. Meu desempenho melhorou, porque fiquei mais concentrada” explicou
Milena da Silva, 14, vive no Jardim Palermo, também no município são-bernardense, e achou curiosa a ideia dos jogos de mesa. Disse se sentir tranquila em saber que vai usar seu celular quando chegar em casa “Os divertimentos feitos pela escola são incríveis, o intervalo está passando até mais rápido”, relatou.
Substituir os celulares por atividades lúdicas e educativas, segundo os estudantes, tem ajudado na concentração, a criar vínculos de amizade e a tornar o intervalo mais divertido e produtivo, além de fazer da escola um espaço mais interativo e saudável para todos.
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Diretores veem estudantes mais atentos e comunicativos
A restrição ao uso do celular no ambiente escolar pode não ter agradado aos estudantes, mas deixou os gestores educacionais muito satisfeitos. Eles perceberam mudanças significativas no comportamento dos alunos no período de estudo. Na visão deles, a proibição contribuiu para o aumento de dedicação às aulas. Além disso, adaptações promovidas pelas instituições no dia a dia têm mostrado excelentes resultados.
Andrea Piloto Gimenes, 48 anos, diretora do Colégio Vereda, revelou que a proibição aos uso de celular na instituição já era aplicada muito antes de a lei federal passar a valer. Disse ainda que os horários de recreação estão mais dinâmicos. “Os intervalos se tornaram momentos de brincadeira e aprendizado. Jogos, leitura e espaço cultural agora são muito mais frequentados. A restrição apenas intensificou práticas que já buscávamos: desenvolver foco, disciplina, sociabilidade e bons relacionamentos”, disse.
Viviane Gonçales Passarini, 57, diretora do Colégio Xingu, também afirmou ter notado mudança comportamental dos estudantes. “Os alunos voltaram a se olhar, a conversar e a brincar juntos. A redução dos conflitos foi perceptível, assim como o resgate da infância que estava perdida pelo uso excessivo de celulares”.
A experiência das escolas mostrou que a proibição da utilização de celular teve diversos pontos positivos: as salas de aula estão mais tranquilas e os estudantes têm se sentido mais à vontade ao interagir com os colegas de classe. Segundo as gestoras, a tecnologia se mostra essencial em diversos momentos, entretanto, nada substitui um bate-papo entre amigos.
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