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É necessário encontrar o equilíbrio

Pesquisas em neurociência indicam que numa prática musical, habilidades cognitivas são aprimoradas

14/09/2025 | 11:14
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FOTO: Divulgação Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


De acordo com Andrea Azevedo, cantar, dançar e tocar instrumentos, principalmente a prática musical colaborativa, ativam várias áreas do cérebro ao mesmo tempo, entre elas, do processamento auditivo tonal e temporal, dos movimentos, das emoções e até da criatividade, além das funções executivas, essenciais para aprendizagem. “Diferente das telas, que deixam as pessoas passivas, a música faz cada um ser protagonista. Você pode cantar, dançar com os amigos, tocar um instrumento, inventar músicas, coreografias e, principalmente, vivenciar conexões reais com outras pessoas, fortalecendo o vínculo afetivo. E ainda assim, descobrir habilidades que talvez você nem sabia que tinha”. 

Pesquisas em neurociência indicam que numa prática musical, habilidades cognitivas, como atenção, concentração, e executivas, memória de trabalho, flexibilidade mental e controle inibitório, são aprimoradas, além das habilidades musicais, sociais e emocionais. Fazer música envolve os dois hemisférios, melhorando a troca de informações por intermédio do corpo caloso, uma área cerebral que conecta os hemisférios direito e esquerdo melhorando o tráfego de informações, além de impactos na neuroplasticidade. Uma meta-análise com 46 estudos, com 3.530 crianças com idades de 3 a 12 anos, indicou diferenças em crianças com experiência musical com melhorias nas funções executivas, diferentemente de crianças sem experiência. Estes resultados indicam a importância de ter programas de música bem estruturados nas escolas para melhorias não somente nas funções executivas mas com impactos na aprendizagem e no desenvolvimento integral.

Ainda de acordo com Andrea, o celular não é um grande vilão! “As telas, os apps, facilitam a nossa vida e são úteis. Porém, o desafio está no equilíbrio”. Algumas dicas são: utilizar apps que monitoram o tempo de uso do celular, estabelecer horários para navegar nas redes e definir locais pela casa e horários que o uso do celular é proibido.

Com essa preocupação, surgiu o Movimento Desconecta, criado por famílias que buscam unir suas comunidades escolares em torno de diálogo e trocas para que todos possam lidar melhor com os desafios digitais e ao mesmo tempo criar ganchos de diálogo com seus filhos em casa. O movimento propõe ainda um acordo coletivo entre pais: adiar a entrega do primeiro celular até, pelo menos, os 14 anos, e o acesso às redes sociais até os 16.

LEIA MAIS: Música no lugar das telas: um superpoder para crianças e adolescentes

A iniciativa já alcança cerca de 250 cidades brasileiras, com trabalho no Projeto de Lei 2.628, aprovado no Senado, que busca garantir maior rigor no controle das big techs, além de participação ativa em outras pautas relacionadas ao tema de proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital.

A publicitária Karen Motomura, voluntária no projeto, vive esse dilema em casa. Mãe de duas crianças, ela conta que o filho de 8 anos ainda não tem celular, mas o adolescente de 13 ganhou o aparelho aos 12. “Facilita a logística, dá mais autonomia, mas é difícil fazer todos os controles. Hoje usamos um aplicativo de controle parental que limita horários de tela, bloqueia conteúdos inadequados e até envia relatórios sobre conversas no WhatsApp. Quando aparece algo que não convém, aproveito para orientar meu filho, tanto no aspecto educacional e emocional quanto social”, relata.

Apesar dos desafios, Karen encontrou na música um grande aliado na formação do filho. Há cerca de quatro anos, o adolescente se dedica à bateria e faz parte de uma banda. A experiência, segundo ela, transformou a rotina e o desenvolvimento do jovem. “Durante a pandemia e no pós-pandemia, a música foi fundamental. Ele superou a timidez, aprendeu a se socializar melhor, ganhou confiança para subir no palco e ampliou seu repertório cultural. Hoje, a música é um hobby que traz equilíbrio e motivação”, afirma.

“Quando nos ‘desplugamos’ das telas e nos conectamos com a música, estamos cuidando de nosso cérebro, de nossa saúde e de nossas relações, e investindo nosso valioso tempo em criar memórias afetivas reais para toda vida”, finaliza Andrea.




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