Saúde de Família & Comunidade
FOTO: Fernandes

A discussão sobre magreza versus obesidade sempre foi palco na sociedade moderna. As modelos super magras das passarelas dos anos 80, 90 e até 2000 saíram de cena, quando a pauta pela saúde começou a tomar forma no mundo da moda. Mas hoje, com a internet e a popularização das redes sociais, principalmente no Brasil, ser magro parece ser um status social e a busca pela magreza continua firme e forte, mas, muitas vezes, com foco na estética e não na saúde.
Com as canetas emagrecedoras, que trouxeram nova perspectiva para a perda de peso, com efeitos colaterais mais controlados e esperados, quando comparados com os métodos anteriores, como fármacos que traziam sintomas desconfortáveis, uma nova perspectiva da perda de peso está em pauta.
Muitas pessoas as viram como um milagre para perder aqueles quilos extras que custam a ser eliminados por diversos fatores, entre eles, manter o déficit calórico, quando se gasta mais energia do que se consome e a dificuldade de manter uma alimentação equilibrada, resistindo às delícias do fast food, doces e até mesmo uma quantidade que excede ao que nosso corpo precisa para manter as funções em dia.
A influência nas redes sociais também mostra que quem está com o peso controlado é feliz, mais bonito e mais bem resolvido, ocultando, muitas vezes, que por trás daqueles corpos esculpidos pode-se ter muitos procedimentos estéticos que são inacessíveis financeiramente à maioria da população, além dos mais invasivos, como a lipoaspiração.
Quando utilizados de forma moderada e aliados a uma vida saudável, esses complementos realmente podem fazer bem, desde que sejam muito avaliados e acompanhados por um médico, considerando os riscos e os benefícios.
Mas cada corpo e cada organismo agem de forma diferentes, não apenas no emagrecimento, mas no funcionamento em si. Ainda existem biotipos diferentes e pode ser por isso que atingir aquele corpo perfeito da blogueira que está em evidência é tão difícil (mesmo você fazendo tudo o que ela diz fazer).
Toda essa busca pelo corpo perfeito não é em vão. O controle de peso é um dos desafios da vida adulta, não apenas quando se trata de estética e autoestima. O sobrepeso e a obesidade são fatores que predispõem uma série de doenças crônicas evitáveis, inclusive, o Ministério da Saúde indica que estes são problemas de saúde pública.
A vida corrida, a facilidade de acesso a alimentos ultraprocessados, estresse e sedentarismo formam um combo que provoca o acúmulo de gordura, que, muitas vezes, não surge sozinha. Com esse excesso, aparecem complicações no fígado, diabetes, hipertensão, além de atrapalhar simples tarefas do dia pela redução da resistência cardiorrespiratória.
A dica final é não se comparar. Cada pessoa vive de uma forma, com aspectos familiares, econômicos, profissionais, emocionais e até regionais que impactam diretamente no estilo de vida.
Se você está nessa fase da vida, busque apoio médico e até mesmo psicológico, já que questões como compulsão alimentar envolvem um olhar cuidadoso não só para o corpo, mas para as emoções que também são responsáveis pelo nosso modo de vida. E o principal de todos: evite comparação. Promova mudanças aos poucos e, ao longo do tempo, verá um grande progresso.
Fabiano Gonçalves Guimarães é presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
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