Mais gestão, menos polarização Titulo Mais gestão, menos polarização

PEC da Blindagem: quando a política erra nas prioridades

Paulo Serra
21/09/2025 | 08:10
Compartilhar notícia
FOTO: Fernandes | DGABC
FOTO: Fernandes | DGABC Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


Na última semana, a Câmara dos deputados aprovou a chamada PEC da blindagem. Em linhas simples, essa proposta estabelece que parlamentares que cometerem crimes só poderão ser processados pelos tribunais se o próprio Congresso autorizar. Ou seja, cria-se uma espécie de barreira que transfere ao Legislativo a decisão sobre se um deputado ou senador pode ou não responder à Justiça.

Mais do que o mérito do conteúdo – que, na minha visão, já passa uma mensagem muito ruim de impunidade – o que mais incomoda é a incapacidade do Congresso, preso no debate da polarização, de priorizar aquilo que realmente importa na vida das pessoas.

A inversão de prioridades

Enquanto a pauta do Congresso é consumida por debates que giram exclusivamente em torno da polarização, incluindo privilégios e autoproteção, o Brasil segue convivendo diariamente com problemas urgentes que batem à porta de milhões de famílias: a violência urbana que assusta, o desemprego que corrói a dignidade, o custo de vida que sufoca, a saúde que não chega a todos, a educação que precisa de modernização e valorização.

Temas que deveriam estar no topo da lista, capazes de mudar a realidade do País, são deixados para depois. No lugar deles, vemos discussões que em nada resolvem a vida do Seu José, da Dona Maria, da juventude que busca o primeiro emprego, da mãe que luta para colocar comida na mesa.

O preço da polarização 

Essa inversão de prioridades transmite uma sensação perigosa: a de que os problemas do Brasil não são os mesmos problemas do brasileiro. E essa distância entre o que se discute em Brasília e o que a população sente no dia a dia vai corroendo a confiança nas instituições e alimentado os discurso radicais, abrindo espaço para o descrédito da política como um todo.

Não se trata apenas de uma questão de moralidade, mas também de eficiência. O tempo gasto em torno de pautas que não melhoram a vida das pessoas poderia – e deveria – ser canalizado em reformas estruturais que aguardam há anos, como a modernização do Código Penal para enfrentar o crime organizado, a revisão do pacto federativo para dar mais autonomia aos municípios, ou medidas sérias para reduzir desigualdades sociais.

Gestão que dá certo

Eu falo isso com a experiência de quem já governou uma cidade de quase 1 milhão de habitantes. Em Santo André, aprendemos que boa gestão funciona. Quando a prioridade é resolver os problemas reais, os resultados aparecem: o esgoto tratado que passou de 27% para 94%, as dívidas reduzidas, os programas sociais que chegaram a quem mais precisava, os investimentos em saúde, educação, esporte e lazer que melhoraram a qualidade de vida da população.

Não foi sorte. Foi gestão pública feita com planejamento, responsabilidade e foco em resultado. Esse modelo mostrou que é possível mudar a realidade quando se coloca o cidadão no centro da política, em vez de gastar energia em disputas ou privilégios.

A política que precisamos

É claro que existem bons políticos, comprometidos e preocupados com as verdadeiras demandas da população. Eles estão nos municípios, nos Estados e também em Brasília, muitas vezes lutando contra a maré para trazer a pauta do Brasil real para a mesa de discussão.

É justamente esse espírito que nosso País precisa resgatar. Não se trata de negar a importância de certas discussões institucionais, mas sim de recolocar o foco onde ele deve estar: no combate à violência, na geração de empregos, na redução do custo de vida, no fortalecimento da saúde e da educação públicas.

Conclusão

O Brasil não precisa de mais polarização. Precisa de mais compromisso.

Não precisa de mais privilégios. Precisa de mais prioridade no que de fato transforma vidas.<EM>

Sei que a política é feita de escolhas. E quando os parlamentares escolhem se proteger antes de proteger a população, passam um recado claro: suas prioridades estão invertidas.

Cabe a nós, sociedade, continuar cobrando, fiscalizando e exigindo que o foco seja colocado de volta onde sempre deveria estar: na vida real do povo brasileiro.

Porque boa gestão existe, já mostrou resultado, e pode – sim – ser o caminho para um Brasil mais justo, eficiente e humano.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;