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Vento mensageiro

Rodolfo de Souza
25/09/2025 | 08:30
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FOTO: Gilmar Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


Venta muito nesta manhã de domingo. Ventania que por certo sobrevém de fatos inusitados no campo da política, lá do planalto central do país. Acontecimentos que interferem até mesmo no clima, considerando, inclusive, que fenômeno parecido também vem sendo observado em outras partes do mundo, em que o poder parece estar se deteriorando a olhos vistos. 

São ventos que ainda falam do mal que se abateu sobre o terreno da diplomacia mundial, e que a ausência de acordos tem fomentado guerras e massacres que visam tão somente tomar o território do outro, como sempre se deu na história do mundo. Território, por vezes, repleto de riquezas, ou somente deserto. Aliás, quando se trata de terra calcinada, o objetivo não é outro senão tomá-la do legítimo dono só para garantir que este não tenha mais onde viver e que, portanto, se torne pó a sua raça e a sua memória.

Gosto do vento, mesmo sabendo que costuma ser o prenúncio de algo, por vezes, não tão bom como uma chuva. Gosto da chuva, admito. Talvez por ter nascido num dia chuvoso de um passado que já vai longe, é que aprecio sobremaneira uma precipitação, torrencial ou mansa e fininha que faz voar a minha mente em meio à umidade. Vento e chuva, aliás, parecem nos querer mostrar que tudo decorre dentro de uma normalidade que remete à calma, embora suspeita.

Mas os ventos do norte nos trazem notícias alarmantes sobre o império. Será mesmo possível que seu cetro tenha sido, por fim, deitado por terra, que sua supremacia tenha deixado de ser suprema?

Do velho mundo, os ventos nos fazem chegar comentários de que grupos organizados desejam a retirada de imigrantes, indesejadas pessoas que deixaram as suas casas em busca de melhores condições de vida. Gente que, de uma forma ou de outra, tem contribuído para a manutenção de um status de riqueza e poder nos países que adotaram como lar. Não é segredo, pois, que a população do antigo continente vem envelhecendo e deixando poucos descendentes. O que fará quando a mão de obra desaparecer é questão a ser pensada com calma e sensatez, sem permitir os arroubos de um ufanismo insano que tende a botar em xeque a economia e a sociedade do lugar. 

Fronteiras e mais fronteiras! O mundo é feito de fronteiras, afinal. Ou não. A Terra é uma só. Esta Terra que no passado sentiu o caminhar dos homens em busca de novos campos, novas águas, novos refúgios... até formarem grandes comunidades, com suas fronteiras.

Por certo que o pensamento também tem lá suas fronteiras. É importante observá-las, mais até do que as terrestres, não obstante serem objeto de frequente esquecimento ou inobservância no seio das sociedades de agora e de outrora. São fronteiras que deveriam delimitar as ações que norteiam a vida, concedendo direitos e deveres a cada pessoa. 

Talvez os ventos não castigassem tanto as planícies por onde continua a caminhar toda a humanidade se as verdadeiras fronteiras fossem apreciadas e consideradas com carinho.

Rodolfo de Souza nasceu e mora em Santo André. É professor e autor do blog cafeecronicas.com




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