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Saúde mental de crianças e adolescentes

Michelly Antunes
26/09/2025 | 09:07
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 Setembro Amarelo é o mês dedicado à prevenção do suicídio, mas, ao longo dos anos, a maior parte do debate tem se concentrado nos adultos. Essa escolha ignora uma realidade que preocupa: o sofrimento emocional de crianças e adolescentes, que cresce de forma silenciosa e já representa um dos maiores desafios de saúde pública no Brasil. É preciso olhar para esse tema com seriedade.

A Organização Mundial da Saúde aponta o suicídio como uma das principais causas de morte entre adolescentes. Trata-se de um indicador que revela uma geração marcada por altos índices de ansiedade, depressão e automutilação. Muitas vezes, os sinais estão presentes, mas não são levados em consideração. Quando meninos e meninas manifestam tristeza, isolamento ou desmotivação, suas falas ainda são interpretadas como drama, exagero ou fase da idade.

O adoecimento emocional das novas gerações é resultado de múltiplos fatores. O ambiente digital, por exemplo, exerce forte influência. A busca por aprovação em curtidas e seguidores, a comparação constante e os episódios de cyberbullying provocam sofrimento que não pode ser subestimado. A chamada adultização também colabora para a formação de uma autoestima frágil e para o aumento da ansiedade. 

Além disso, a violência é um elemento que impacta diretamente a saúde mental. Em 2023, foram registradas 57.698 notificações de violência sexual contra pessoas de até 19 anos no Brasil, o que significa, em média, 158 casos por dia.

Pode-se pensar que crianças e adolescentes sempre enfrentaram desafios e que a geração atual não vive nada diferente. A diferença, no entanto, está na intensidade e na multiplicidade desses fatores de risco. Nunca uma geração esteve tão exposta a padrões irreais de comportamento, a pressões virtuais constantes e a situações de violência amplificadas pelo ambiente digital. 

A responsabilidade pela proteção da saúde mental de crianças e adolescentes é coletiva. Famílias precisam acompanhar de perto o desenvolvimento emocional dos filhos. Escolas devem criar espaços de diálogo abertos, nos quais o tema da saúde mental seja tratado sem tabu. O poder público precisa investir em políticas que ampliem o acesso a serviços de atendimento psicológico e psiquiátrico. Empresas de tecnologia também precisam definir regras mais transparentes para a proteção dessa geração em suas plataformas.

Setembro Amarelo não deve se limitar a campanhas de conscientização pontuais. Ele deve ser entendido como um chamado para que a sociedade encare o sofrimento de crianças e adolescentes e reconheça sua gravidade. É hora de levar a sério o que os números e, principalmente, as vozes de crianças e adolescentes estão nos dizendo.

Michelly Antunes é líder das iniciativas de Proteção da Fundação Abrinq.




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