Mais gestão, menos polarização Titulo Mais gestão, menos polarização

A ‘química’ entre Trump e Lula

Paulo Serra
28/09/2025 | 09:41
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Gilmar Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


O encontro relâmpago entre o Presidente americano Donald Trump e o Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, de pouco mais de 30 segundos, ganhou manchetes no mundo inteiro. Um gesto rápido, quase protocolar, mas carregado de simbolismo. Afinal, poderia esse breve contato significar uma mudança real no rumo das relações entre Brasil e Estados Unidos?

No momento em que o nosso país enfrenta os efeitos concretos do chamado tarifaço, as tarifas de até 50% impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros como café, carne, laranja e cobre, a sociedade brasileira se pergunta: estamos diante de uma abertura para o diálogo ou apenas de mais um episódio que alimenta narrativas políticas sem impacto real na vida da população?

O impacto do tarifaço

Se para muitos o encontro foi apenas uma cena rápida, para quem vive o dia a dia da economia, os efeitos da relação Brasil-EUA são muito concretos. Só no Grande ABC, o tarifaço já representou uma perda estimada em R$ 80 milhões. Isso não é teoria ou retórica: são empregos ameaçados, empresas fragilizadas e famílias sentindo no bolso as consequências de decisões tomadas a milhares de quilômetros de distância. 

O Brasil não pode se dar ao luxo de assistir passivamente a esse embate político travado no exterior. Quando as tarifas sobem, quem paga a conta é o trabalhador brasileiro, o pequeno produtor, a indústria local. Cada imposto extra sobre nossos produtos representa menos competitividade lá fora e menos oportunidades aqui dentro.

Pontes ou muros?

É nesse contexto que o encontro entre Trump e Lula chama atenção. Mais do que medir forças ou marcar posição, o Brasil precisa de pontes, não de muros. Precisa de diálogo, não de guerra. Precisa de resultados práticos, e não apenas de discursos inflamados que mobilizam torcidas, mas não resolvem os problemas reais.

A história mostra que países que investem em cooperação, mesmo diante de divergências políticas, conseguem proteger melhor seus interesses econômicos e sociais. Quando prevalece a lógica da polarização, perde-se tempo em disputas narrativas, enquanto os prejuízos se acumulam na vida das pessoas.

A lição da gestão local

Na experiência de quem já governou uma cidade com quase um milhão de habitantes, fica claro que a polarização não resolve nada. Em Santo André, no coração do ABC, avançamos em áreas sensíveis como saneamento, educação e equilíbrio fiscal justamente porque soubemos priorizar a gestão acima da disputa política. O mesmo raciocínio vale para o Brasil: é com foco em resultados, e não em narrativas, que se enfrenta crises e se cria prosperidade.

Quando a política se transforma em guerra permanente, quem perde é o cidadão comum. São menos investimentos, menos empregos, menos qualidade de vida. Ao contrário, quando a política assume seu papel de ponte entre diferentes interesses, o efeito positivo aparece no dia a dia da população.

Um primeiro passo?

É evidente que um encontro de 30 segundos não resolve tarifas milionárias, não derruba barreiras comerciais e tampouco inaugura um novo ciclo de relações bilaterais. Mas pode, sim, ser um primeiro passo. Em diplomacia, gestos importam. Pequenos acenos podem abrir portas que antes pareciam fechadas.

A pergunta é: vamos aproveitar a oportunidade para transformar esse gesto em negociação real, em defesa concreta dos interesses nacionais, ou vamos desperdiçar mais uma vez a chance, presos na armadilha da polarização que só divide e enfraquece o Brasil?

O que o Brasil precisa

O desafio que se impõe é claro: transformar encontros simbólicos em resultados efetivos. O Brasil precisa recuperar sua capacidade de diálogo internacional, proteger seus setores produtivos, gerar confiança nos investidores e, acima de tudo, pensar em quem mais sente os impactos da crise — o trabalhador e sua família.

Porque, no fim das contas, pouco importa quem venceu a narrativa. O que importa é se o Brasil vai vencer a batalha real: garantir crescimento, emprego, renda e dignidade para seu povo.

Se os 30 segundos entre Trump e Lula se tornarem o ponto de partida para essa mudança de postura, terão valido mais do que muitas horas de discursos inflamados. Afinal, o Brasil não precisa de novos palanques: precisa de soluções.




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