Mais gestão, menos polarização A recente declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao relativizar a relação entre usuários e traficantes de drogas, reacendeu um alerta importante no debate público. Neste sentido, esta fala presidencial pode passar uma mensagem perigosa, que fragiliza o enfrentamento ao crime organizado, um dos maiores desafios atuais do País.
Uma fala que não pode ser normalizada
Não se trata aqui de desconsiderar contextos sociais ou discutir políticas públicas de saúde voltadas ao usuário. O que preocupa é a ambiguidade política de um discurso que pode ser interpretado como minimizador da gravidade do tráfico. Em um País que sofre com índices altíssimos de violência, milícias, facções e guerras territoriais em grandes centros urbanos, qualquer declaração vinda da principal autoridade da República precisa ser cuidadosa, clara e responsável.
O narcotráfico não é um fenômeno isolado: ele financia armas, corrompe instituições, enfraquece comunidades e impacta diretamente a vida de milhões de brasileiros. Naturalizar ou suavizar essa realidade, ainda que de forma não intencional, é enviar um sinal trocado para a sociedade e, pior, para os próprios criminosos.
O impacto político e institucional
Declarações como essa têm peso. Elas ocorrem justamente no momento em que o País discute a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Segurança Pública que, embora não seja solução mágica, representa uma oportunidade de fortalecer o debate legislativo sobre endurecimento das leis penais, integração entre forças de segurança e novos instrumentos de combate ao crime.
Ao relativizar a questão, a fala do presidente enfraquece a narrativa de que o tráfico precisa ser combatido com rigor, e desmobiliza a urgência política de pautar a segurança pública no Congresso. O Brasil não pode dar esse luxo a si mesmo. As estatísticas são implacáveis: facções dominam territórios, Estados enfrentam ondas de violência coordenada e as forças de segurança estão sobrecarregadas.
Endurecimento da lei: parte essencial da solução
É evidente que a solução para a violência não passa apenas pela repressão. Investimentos em tecnologia, inteligência, monitoramento e prevenção são fundamentais. No entanto, isso não pode significar abrir mão de endurecer as leis contra organizações criminosas. É preciso atacar o problema pela raiz e isso inclui punir com rigor quem financia, comanda e lucra com a destruição de vidas.
A impunidade ainda é um dos motores do crime no Brasil. Criminosos precisam ser tratados como o que são: uma ameaça a ordem pública e a vida em sociedade. A ideia de que o tráfico pode ser relativizado enfraquece a confiança nas instituições e frustra o sentimento de segurança da população, especialmente nas periferias, que são as maiores vítimas do ciclo de violência.
O esforço de governadores e o papel do governo federal
Enquanto governadores e prefeitos em várias partes do País estão investindo pesado em segurança pública, ampliando guardas municipais, câmeras inteligentes, centros de monitoramento e integração com as polícias, declarações vagas no nível federal dificultam a consolidação de uma política nacional robusta.
Não se trata de disputa política, mas de responsabilidade institucional. O presidente da República tem a obrigação de liderar com clareza, apoiando o endurecimento de leis e reforçando a necessidade de fortalecer as forças de segurança e não de gerar ruído num tema tão sensível.
Que seja corrigido
Por isso, é importante que essa fala seja esclarecida, corrigida e contextualizada. O País precisa de união em torno de uma agenda concreta para reduzir a criminalidade, proteger vidas e recuperar a autoridade do Estado frente ao crime organizado.
A pauta da segurança pública precisa voltar ao Congresso com força total e com clareza de propósito. O Brasil não pode permitir que mensagens equivocadas atrapalhem o que é urgente: proteger a população e garantir que criminosos sejam punidos com todo o peso da lei.
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