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A garantia dos direitos na vida e na morte

Fabiano Gonçalves Guimarães
27/10/2025 | 08:58
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FOTO: DGABC Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


Muito se fala de vida, mas pouco se estabelece sobre como queremos passar nossos últimos dias. A finitude ganhou uma força hoje em dia, em comparação com décadas passadas, mas continua sendo um tabu, assim como todas as conversas difíceis que são necessárias para se ter uma vida plena, garantindo o direito e as vontades, caso alguma situação grave aconteça ou a partir de um diagnóstico de uma enfermidade que demande cuidados. 

Uma das poucas certezas que temos da vida, senão a única, é a morte. E nos aproximando do Dia de Finados, o debate de como se deseja partir aumenta, mas é algo que deveria ser presença constante entre pais, filhos, parceiros e, por que não?, até entre amigos, sempre que necessário. 

O tema sobre morte é pouco falado e discutido, principalmente, entre pessoas que se amam, pois é encarado como o fim, o que envolve sentimento de perda, luto e até mesmo de sofrimento. Porém, saber como se quer partir e até mesmo se despedir, é um quesito importante para quem fica também, ainda mais no momento de decisão em momentos tão desafiadores. 

Isso vai muito além da forma de como se gostaria de ser enterrado, respeitando as crenças, vontade e até condições financeiras da pessoa, como ser cremado ou enterrado e em casos de acidentes ou doenças degenerativas como a pessoa gostaria de ser cuidada: passar seus últimos dias em casa? Usufruir de todos os recursos médicos disponíveis, mesmo quando não há resposta ao tratamento? 

Muito mais que o testamento de bens, que beneficia os herdeiros, evitando futuras brigas em casos de partilha, o testamento vital indica quais tratamentos a pessoa quer e deseja receber, garantindo um cuidado digno no fim da vida. Esse documento é essencial para dar uma orientação à família e equipe médica sobre como proceder em casos quando a pessoa não está em condições de decidir sobre ela mesma. Esse tipo de situação pode acontecer em casos de AVC (Acidente Vascular Cerebral), demência, Alzheimer, entre outros. 

Além de garantir que os desejos do paciente sejam respeitados, conversar sobre a finitude e registrar essas vontades promove uma paz mental significativa. Saber que suas decisões foram comunicadas e formalizadas alivia a ansiedade diante do desconhecido, permitindo que a pessoa concentre sua energia no presente, em viver com dignidade e qualidade os dias que restam. É um processo que ajuda o paciente a resgatar o controle da própria história, reforçando sua autonomia mesmo em momentos de fragilidade.

Para a família, os benefícios também são profundos. Ter diretrizes evita o peso emocional de tomar decisões difíceis no calor do momento, reduzindo sentimento de culpa, insegurança ou conflitos entre os entes queridos. Saber que estão respeitando os desejos de quem amam traz conforto e amparo emocional no luto, pois permite uma despedida mais consciente, respeitosa e amorosa. Falar sobre a morte, por mais desconfortável que seja no início, pode, paradoxalmente, fortalecer os vínculos e tornar a vida mais significativa. Afinal, ao enfrentar a finitude com coragem e verdade, estamos, de fato, valorizando o que importa: a dignidade, o amor e a presença.




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