Câncer de próstata Urologista explica sintomas e quais exames devem ser feitos para identificar a doença ainda na fase inicial
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Com a chegada do mês de novembro, a campanha Novembro Azul traz luz para o segundo câncer mais comum entre homens: o câncer de próstata. Com o diagnóstico precoce, as chances de cura são de mais de 90%, o que reforça a necessidade dos exames de rotina.
De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), podem surgir cerca de 71 mil casos de câncer de próstata no Brasil este ano. A campanha busca combater o preconceito e a resistência de muitos homens em realizar o exame de toque retal e o PSA (Antígeno Prostático Específico).
“Muitos homens tendem a procurar o médico somente quando sentem dor ou em casos de urgência, negligenciando a saúde preventiva. O Novembro Azul trabalha para mudar esse comportamento através da conscientização sobre o câncer de próstata”, ressalta Dr. Alvaro Alexandre Dias Bosco, urologista do IBCC Oncologia.
A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino, do tamanho aproximado de uma noz, localizada abaixo da bexiga e à frente do reto. Ela envolve a parte inicial da uretra (canal por onde passa a urina e o espermatozóide) e sua principal função é produzir parte do sêmen.
“A doença ocorre quando as células da próstata começam a se multiplicar de forma descontrolada, formando um tumor — na grande maioria das vezes, um adenocarcinoma”, afirma o urologista.
Em muitos homens, o câncer de próstata cresce de forma lenta e pode não representar uma ameaça significativa à vida. Em outros, pode ser agressivo, invadindo estruturas próximas (como vesículas seminais e bexiga) ou indo para locais distantes (linfonodos, ossos, pulmões, fígado e cérebro), configurando as metástases.
“O maior desafio é que, na fase inicial, o câncer de próstata costuma ser silencioso, sem sintomas específicos. Por isso os exames de rotina são cruciais. Quando aparecem, os sintomas costumam ser urinários — e muitas vezes se devem a doenças benignas, como a Hiperplasia Prostática Benigna”, comenta o médico.
Sinais de alerta mais comuns, segundo o urologista
Dificuldade para urinar (demora para começar ou terminar);
Jato urinário fraco ou diminuído;
Necessidade de urinar com mais frequência, especialmente à noite (noctúria);
Sangue na urina ou no sêmen (menos comum);
Dor ao urinar ou ao ejacular;
Em casos avançados: dores ósseas (bacia, coluna, quadris), fraqueza ou dormência nas pernas.
Quais exames são recomendados?
Um dos exames que auxiliam na detecção precoce é o PSA (Antígeno Prostático Específico), exame de sangue que mede uma proteína produzida pelas células da próstata e que, originalmente, têm a função de liquefação do sêmen. “PSA elevado não significa, por si só, câncer — pode subir por HPB, inflamações ou infecções. O urologista avalia o PSA em conjunto com idade, histórico familiar e exame físico para decidir os próximos passos”, explica o médico.
Outro exame importante é o toque retal, rápido e simples, realizado no consultório. Ele permite avaliar tamanho, forma e consistência da próstata, podendo detectar alterações que o PSA não capta (como tumores que liberam pouco PSA). Por isso, os exames se complementam.
O dado novo e relevante sobre rastreio (o “porquê” de fazer)
O maior estudo do mundo sobre rastreamento com PSA, o ERSPC (European Randomized Study of Screening for Prostate Cancer), publicou recentemente o seguimento de 23 anos. Resultado: 13% menos mortes por câncer de próstata no grupo rastreado em comparação ao não rastreado (razão de taxas 0,87; IC 95% 0,80–0,95). Em termos absolutos, isso equivale a 22 óbitos a menos por câncer a cada 10.000 homens submetidos ao rastreio ao longo do período — e com melhora do balanço benefício–risco ao longo do tempo.
Em análises anteriores do mesmo ensaio (até 16 anos), a redução relativa de mortalidade já era de cerca de 20%, e o benefício absoluto cresceu com o seguimento prolongado — reforçando que o impacto do rastreio aparece sobretudo no longo prazo.
“O que isso significa na prática? Rastrear de forma informada e personalizada (considerando idade, comorbidades e preferência do paciente) salva vidas e hoje tende a causar menos danos desnecessários do que no passado, graças a melhores critérios para biópsia, uso de ressonância magnética multiparamétrica e condutas como vigilância ativa para tumores de baixo risco”, aponta Dr. Bosco.
O médico também sinaliza quando é necessário procurar o urologista:
Homens a partir de 50 anos devem conversar com o médico sobre rastreio com PSA + toque retal e a frequência dos exames.
Homens negros e/ou com histórico familiar de câncer de próstata devem iniciar essa conversa aos 45 anos.
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