ABC da indústria

Estamos em novembro e nos aproximamos rapidamente da famosa Black Friday, uma data criada nos Estados Unidos como oportunidade para liquidar produtos fora de linha, itens encalhados, excedentes de estoque e até mesmo para estimular o consumo após o feriado de Ação de Graças.
Com o passar dos anos, o evento ganhou força, atravessou fronteiras e hoje é celebrado no mundo inteiro, inclusive no Brasil, onde se tornou praticamente um marco anual para o varejo.
Esse período costuma gerar uma verdadeira euforia nos consumidores, que antecipam as compras de Natal e, muitas vezes, acabam levando mais do que realmente precisam. Mas, por trás dessa euforia, existe uma engrenagem complexa: o varejo se prepara com meses de antecedência. Ele se planeja, negocia, produz e abastece o mercado para atender à alta demanda.
E é justamente aqui que entra a nossa indústria. Trabalhamos com embalagens, um verdadeiro termômetro da economia. Se estamos vendendo bem, é porque existe alguém produzindo, embalando e colocando mercadorias no mercado. Se as vendas esfriam, é porque a indústria e o varejo estão reduzindo o ritmo, seja por falta de confiança, seja por retração da demanda.
O que observo, porém, é que, neste ano, aquele movimento tradicionalmente mais aquecido nos meses que antecedem a Black Friday não ocorreu da forma esperada. Os números confirmam essa percepção: o setor acumula uma queda de 0,5%, o que reforça a pergunta que muitos têm feito, inclusive em uma entrevista que gravei esta semana: o que está acontecendo?
No meu entendimento, estamos diante de um conjunto de fatores que geram insegurança tanto no consumidor quanto no empresário. O empresário, especialmente, precisa tomar decisões muito antes de o efeito Black Friday aparecer: quanto produzir? Quanto estocar? Até onde vale arriscar o caixa? Apostar alto pode gerar grandes resultados, mas também pode significar um prejuízo pesado.
E o cenário atual não ajuda. O dinheiro está caro: os juros seguem absurdamente altos. A instabilidade interna e externa aumenta a cautela. Diante disso, muitos empresários optam por arriscar menos, mesmo sabendo que talvez deixem de vender mais, preferindo preservar o caixa e mitigar riscos.
É, meus amigos… essa é a vida do empreendedor. Todos os dias somos chamados a tomar decisões que podem nos levar à glória ou nos derrubar. Vivemos equilibrando coragem, estratégia e prudência, sempre acreditando que dias melhores virão. Porque é assim que o Brasil cresce: com gente que decide, que faz e que continua acreditando.
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