Sabores & Saberes
FOTO: Fernandes | DGABC

Faz pouco tempo que a musculatura passou a ser aceita como a maior glândula endócrina do corpo humano, e esta definição decorre da compreensão de que os músculos produzem substâncias, que são lançadas na circulação sanguínea para exercerem ações em outros locais do organismo.
Exercícios aeróbios extenuantes são realizados por praticantes que buscam seus limites cardiorrespiratórios na expectativa de colher benefícios orgânicos mais atraentes.
Inegavelmente, a resistência cardiorrespiratória é muito maior nesse abnegado e compulsivo grupo; contudo, é incerto que essa condução promova maior longevidade, com alguns estudos sugerindo o contrário, notadamente se a comparação se der com aqueles que praticam exercícios leves a moderados, porém, com frequência acentuada.
Outros procuram hipertrofiar a musculatura para produzir delineamentos robustos em braços, tronco e pernas, que, quando alcançados sem a contribuição de anabolizantes, promovem vantagens indiscutíveis, especialmente por se contrapor à atrofia muscular fisiológica do envelhecimento.
Entretanto, quando o objetivo é modular o humor em todas as suas escalas, a ciência tem demonstrado que qualquer escolha destina vantagens, mas ao menos para uma meta-análise realizada em 2020 reunindo 157 estudos sobre o tema, os exercícios de baixa a moderada intensidade mostraram-se mais competentes para este fim.
Com o mesmo propósito, análise semelhante feita em 2022, reuniu 15 estudos e revelou que executar o equivalente a 150 minutos de caminhada rápida por semana reduz em 25% o risco de depressão em comparação com sedentários.
Em contexto equivalente, muitas pesquisas concluem que os exercícios, particularmente aeróbicos em qualquer de suas versões, podem ser tão eficazes quanto medicamentos no tratamento da depressão leve a moderada.
Por muito tempo foi aceito que a prática rotineira de exercícios gerasse bem-estar apenas pela produção de endorfina, neuro-hormônio de ação analgésica natural.
No entanto, estudos recentes sugerem que as miocinas, substâncias liberadas pelas células musculares durante os exercícios, podem provocar a liberação de dopamina e serotonina, compostos fortemente relacionados ao humor.
Diversas pesquisas apontam outras ações cerebrais das miocinas na modulação emotiva, entre elas a ativação do sistema endocanabinóide, aquele relacionado ao canabidiol.
É muito provável que o sistema muscular seja um dos principais indutores da sensação de bem-estar, bastando nossa decisão de utilizá-lo, e para esta finalidade, com ou sem moderação!
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