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Tecnologia, ESG e cadeias de valor: Interior lidera a transição para a economia verde

Associação Paulista de Portais e Jornais
22/11/2025 | 09:33
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FOTO: DGABC Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


O Interior paulista, há muito reconhecido pela potência de seu agronegócio tradicional, passa agora por uma das transformações mais disruptivas de sua história. Longe da imagem simplista de grandes monoculturas, a região se consolida como um laboratório a céu aberto para o que o mundo chama de Agro 4.0. Esta revolução não é apenas sobre produzir mais, mas sim sobre produzir melhor, de forma inteligente e rastreável. A junção da biotecnologia desenvolvida nos polos de saúde com a forte base acadêmica do interior está pavimentando uma estrada onde a sustentabilidade (ESG) não é mais um custo, mas sim o principal motor de inovação e valorização no campo, ditando as novas cadeias que conectarão do grão ao consumidor global.

Ponto de partida: o salto para a agricultura de precisão

A tecnologia é o pilar central desta mudança. Cidades como Piracicaba, com a ESALQ/USP, Campinas e Ribeirão Preto tornaram-se hubs de AgTechs (startups do agronegócio).

Inteligência Artificial (IA) e IoT: Sensores instalados no campo monitoram a saúde do solo e das plantas em tempo real, informando o momento exato para irrigar ou aplicar insumos. Isso gera uma economia de recursos e aumenta a eficiência. O uso de drones e veículos autônomos para mapeamento e aplicação localizada de insumos exemplifica como o Smart Farming (Agricultura Inteligente) está otimizando cada metro quadrado de plantio.

Biotecnologia a Serviço do Meio Ambiente: A pesquisa paulista está focada em desenvolver bioinsumos (alternativas biológicas a defensivos químicos), sementes mais resistentes a secas e pragas e técnicas para o sequestro de carbono no solo. Esta é a contribuição direta do Agro paulista para a agenda climática global.

ESG: o passaporte para mercados de alto valor

O consumidor, especialmente o estrangeiro, exige garantias de origem e sustentabilidade.

Rastreabilidade Total: A tecnologia permite criar a identidade digital de cada produto agrícola. O arroz, o açúcar ou a laranja que sai de São Paulo carrega a informação de seu plantio, manejo e impacto ambiental, garantindo ao consumidor a adesão às práticas ESG.

Crédito de Carbono: Fazendas que implementam práticas de baixo carbono estão entrando no promissor mercado de créditos de carbono, transformando a preservação ambiental em uma nova fonte de receita.

O Vale do Silício do agro nacional

Piracicaba é o epicentro do movimento "Agro 4.0" no Brasil, atuando como um verdadeiro cluster que combina pesquisa de ponta, empreendedorismo e uma forte base industrial. Seu desenvolvimento é centrado na ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - USP) e em seu parque tecnológico.

O Poder dos Bioinsumos

A grande tendência de Piracicaba reside no desenvolvimento e produção de bioinsumos – produtos de origem biológica usados na agricultura, como defensivos, fertilizantes e inoculantes.

Defensivos Biológicos: Em vez de químicos sintéticos, são utilizados organismos vivos (fungos, bactérias, vírus) ou seus extratos para controlar pragas e doenças. Isso reduz a dependência de agrotóxicos, impulsionando a sustentabilidade e a certificação ESG.

Biofertilizantes e Inoculantes: Microrganismos são empregados para otimizar a absorção de nutrientes pelas plantas, especialmente o nitrogênio, diminuindo a necessidade de fertilizantes minerais importados e caros.

Por que Piracicaba? O conhecimento em microbiologia e agronomia da ESALQ, combinado com o suporte do parque tecnológico, facilita o isolamento, a produção em escala e a regulamentação desses produtos.

Bioenergia e economia circular

Além da produção de alimentos, Piracicaba é um centro nevrálgico para a bioenergia, dado seu histórico com a cultura da cana-de-açúcar.

Etanol de Segunda Geração (E2G): Pesquisas avançam na produção de etanol a partir do bagaço da cana (biomassa), o que aumenta a eficiência energética da plantação sem expandir a área de cultivo.

Biodiesel e Biogás: O aproveitamento de resíduos agrícolas e subprodutos industriais para geração de eletricidade e biocombustíveis, fechando o ciclo e promovendo a economia circular.

A convergência entre a biotecnologia na saúde (mencionada na primeira coluna) e o desenvolvimento de bioinsumos em Piracicaba mostra que o interior paulista está, de fato, unindo forças para uma agenda de inovação que abrange a vida humana e a produção de alimentos, ambas focadas em sustentabilidade e tecnologia de ponta.




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