Diarinho Titulo Manifestações artísticas

Música oferece calma, foco e é passaporte para grandes sonhos

Nesse sábado (22) foi o Dia do Músico, mas quem tem acordes e notas como rotina celebra a arte 365 vezes ao ano

Fabio Junior
Especial para o Diário
23/11/2025 | 09:00
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FOTO: Denis Maciel | DGABC
FOTO: Denis Maciel | DGABC Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


O que Mozart, Beethoven, os Beatles, Tom Jobim e Beyoncé têm em comum? Essa é fácil. Todos são grandes nomes quando o assunto é a área musical, assim como Villa-Lobos, Michael Jackson, Djavan, Freddie Mercury, Cartola e tantos outros. 

Agora, você sabia que o Dia do Músico foi celebrado nesse sábado (22)? Estamos falando de uma data dedicada a uma das manifestações artísticas mais universais e antigas que existem. 

Reflita: desde que mundo é mundo, a música está presente e não há um lugar do planeta em que ela não se manifeste. 

A origem da data está ligada ao dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos, segundo a Igreja Católica, também celebrado nesse sábado. Pela tradição religiosa, a santa cantava com tanta doçura que um anjo desceu do Céu para ouvi-lá. A lenda conta ainda que Cecília conseguiu converter seu marido ao Cristianismo, ao cantar para ele numa noite.

Porém, para a Orquestra Locomotiva, ONG que ensina música desde 2008, o calendário tem 365 ‘dias do músico’. Por lá, entre notas musicais e partituras, alunos dos 7 aos 17 anos têm a chance de aprender a tocar um instrumento. Mas não é só isso. Muitos descobrem novas possibilidades, além do desenvolvimento de habilidades emocionais e laços que seguem até a vida adulta. 

Ao longo do ano, eles participam de apresentações em escolas, teatros e eventos culturais, experimentando o palco como parte do processo de formação. O Diário acompanhou ensaios em Santo André e conversou com quatro talentos. 

Moradora do bairro Baeta Neves, em São Bernardo, Giovanna Imparato, 12 anos, encontrou no violino não apenas um hobby, mas sim seu ponto de equilíbrio. Ela ingressou após incentivo de amigos e nunca mais parou. “A música me deixa mais calma e focada. Eu sinto uma felicidade muito grande quando eu toco”, afirmou. 

Matheus Pires dos Santos, 9 anos, morador do Parque das Nações, em Santo André, também se encantou pelo violino. O primeiro contato foi casual, ao observar outras pessoas ensaiando. “Gosto de ver todo mundo tocando junto, fica bonito. Minha mãe fala que a música faz bem para a memória”, comentou. 

Residente em Rudge Ramos, em São Bernardo, Micaela Garcia Silva, 12, escolheu tocar a tradicional viola, instrumento que exige atenção e sensibilidade. A garota treina duas horas por dia e destaca a ligação emocional com a música. “Sinto leveza e uma conexão com quem está tocando comigo”, conta. 

O mais novo da turma é Felipe Xavier Schuindt, de apenas 7 anos, que se apaixonou pela flauta transversal. Mesmo com pouco tempo de estudo, o menino já realizou algumas apresentações. “Quando toco, parece que tudo se encaixa, como se fosse um quebra-cabeça”, descreve.

A rotina de ensaios, porém, é algo que exige dedicação. Entre os estudos e as atividades pessoais, nosso quarteto reserva algumas horas para praticar individualmente, além de preparar todo o repertório. 

Apesar da pouca idade, todos dizem enxergar na música um passaporte para grandes sonhos. Há quem queira seguir carreira profissional, enquanto outros desejam viajar pelos palcos do mundo. Existem ainda aqueles que buscam apenas continuar evoluindo com seu instrumento, melhorando sempre. Ter somente 24 horas para celebrar a música não é suficiente para quem respira isso todos os dias. 

Afinal, não custa lembrar que Mozart, Beethoven, os Beatles, Tom Jobim e Beyoncé também foram crianças. E, provavelmente, todos eles tiveram grandes sonhos com a música.

Alunos desenvolvem sociabilização, disciplina e controle das emoções

Há 17 anos à frente da Orquestra Locomotiva, o maestro Rogério Schuindt já viu a evolução de centenas de alunos que passaram pelo projeto. Para ele, a formação musical vai muito além de notas, acordes e técnicas. 

Segundo o profissional, a construção diária de disciplina é um dos pilares do trabalho. “A música ensina constância. Eles aprendem que o resultado vem com repetição e paciência”, diz. 

Outro ponto indicado por Schuindt é o desenvolvimento emocional, algo que emerge durante o processo. “A música organiza sentimentos. Ajuda a lidar com a ansiedade, medo e até com frustração”, explica. 

Ele destaca que o ambiente coletivo favorece a socialização, especialmente entre crianças e adolescentes. “Aqui, ninguém evolui sozinho, Um ajuda o outro, e isso é capaz de criar vínculos muito fortes”, afirma. 

Com repertório variado, o projeto social tem unidades em Santo André, Mauá e São Paulo, onde explora desde peças da música barroca até trilhas de videogame, ampliando a compreensão musical dos estudantes. O maestro ressalta que essa diversidade é estratégica para estimular a curiosidade dos pequenos. 

Além da parte pedagógica, o regente do grupo comenta o impacto do projeto. Muitos jovens chegam aqui tímidos e até agressivos, mas saem mais seguros e confiantes. Ele comenta que acompanhar essas mudanças é um dos maiores retornos e recompensas da profissão. 

Schuindt acredita que a existência do Dia do Músico reforça a importância de olhar para a arte como ferramenta social. “Quando uma criança aprende música, ela aprende sobre si mesma, E isso muda tudo”, finaliza. Saiba mais em projetolocomotiva.org.




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