Editorial A piora acelerada dos mananciais que abastecem o Grande ABC, agora com o Alto Tietê na faixa especial e o Cantareira em condição semelhante, exige comunicação direta e constante com a população. A Sabesp, porém, mantém campanha de esclarecimento tímida, incapaz de dimensionar a gravidade do quadro e de orientar práticas de economia antes que o cenário imponha medidas mais duras. A entrada de São Caetano no racionamento demonstra que a pressão sobre o sistema se espalha. Uma política de informação mais firme deveria acompanhar cada atualização, para que os moradores compreendam o que está em risco e adotem ações de redução de consumo de modo consciente.
O quadro é preocupante. A omissão salta aos olhos quando se observa que a companhia, recém-privatizada, tem evitado detalhar possíveis cenários, prazos ou medidas adicionais, limitando-se a notas genéricas sobre protocolos e previsões de chuva. A região conhece as consequências de descuidos semelhantes, como as vividas em 2014 e 2015, quando a transposição de água da Billings virou alternativa emergencial. Ainda assim, o alerta atual é discreto, como se a divulgação ampla pudesse gerar desconforto político ou econômico. Nesse contexto, a demora em adotar ações de proteção aprofunda perdas que poderiam ser contidas com transparência, participação social e fiscalização rigorosa.
O abastecimento de milhões de pessoas não pode ficar condicionado a estratégias de comunicação que deixam de expor o tamanho da ameaça. A redução de pressão à noite, já ampliada, é insuficiente para enfrentar um quadro que se aproxima de limites capazes de travar atividades sociais e econômicas do Grande ABC e da Capital. Cabe ao poder público exigir clareza e planejamento, enquanto a empresa precisa assumir que, sem a participação popular, gestão integrada e informação responsável, a região reviverá dificuldades que todos desejam evitar. A água é bem comum, e sua administração requer compromisso imediato, livre de hesitações que só agravam o problema.
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