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Viagem no tempo em 67 anos e 20.000 edições impressas

28/11/2025 | 00:01
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 Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


Vinte mil edições impressas. O Diário segue, desde 1957, um percurso marcado por ação contínua em defesa dos interesses das sete cidades. Ao longo de sua trajetória, o jornal reuniu relatos, documentos, dados e depoimentos que ajudam a entender a região e, por extensão, o Brasil. Essa atuação não se limita ao mero registro de fatos, mas à presença ativa nos debates que permeiam a sociedade. A proposta sempre foi clara: servir de tribuna aos justos anseios dos moradores do Grande ABC.

Entre os muitos episódios que compõem essa caminhada, alguns se tornaram símbolos dessa postura. A mobilização pela promulgação da Lei da Billings, em 2009, é um deles. O Diário acompanhou cada passo da discussão sobre o uso de uma das maiores reservas hídricas do Estado, expôs conflitos, ouviu especialistas, mostrou impactos e apresentou caminhos para a proteção do reservatório. Desde muito antes de crise hídrica e aquecimento global serem temas populares, o jornal compreendeu que a água condicionaria o futuro da região e passou a exercer sua vigilância. Informar, neste caso, equivalia a assumir posição em favor de um bem comum.

Outro momento marcante surgiu com o debate sobre doação de sangue por homens que fazem sexo com homens, até então proibida. Iniciada em 2011, a cobertura revelou preconceitos, trouxe relatos de quem enfrentou barreiras e pressionou autoridades pela revisão de normas. A vitória veio quase uma década depois, em 2020. A defesa de acesso igualitário aos serviços de saúde ganhou espaço nas páginas do Diário porque o jornal entende que a informação tem função social e precisa contribuir para a remoção de obstáculos que discriminam grupos inteiros.

Foram muitas conquistas e outras tantas derrotas. Nenhuma delas fácil, o que não desmotiva o jornal. A luta pela vinda do Metrô ao Grande ABC, por exemplo, talvez seja a campanha mais renhida. Iniciada em 1975, ainda no governo de Paulo Egydio Martins (1928-2021), a pauta ainda segue em aberto. O Diário publicou estudos, examinou trajetos, analisou decisões administrativas e cobrou avanço de gestores. A insistência no tema nunca buscou protagonismo, mas resposta às necessidades de deslocamento de milhões de moradores que dependem de transporte de qualidade para estudar, trabalhar e circular. Uma certeza: a vitória, ainda que tardia, virá.

Esses três casos ilustram uma convicção central: o Diário não se limita a narrar acontecimentos. Ele integra a vida da comunidade e, por isso, apoia reivindicações que tenham sentido coletivo. Quando a população faz cobranças por transporte digno, ambiente protegido ou igualdade de acesso a serviços, o jornal cumpre sua missão ao colocar essas questões na agenda pública e manter atenção permanente sobre elas. Não há neutralidade quando o objetivo é reduzir danos sociais, ampliar direitos e fortalecer laços de convivência.

O Diário segue essa linha porque acredita no valor do jornalismo. A construção de cada uma das 20.000 edições envolve escolha, apuração, debate e revisão. O trabalho exige verificação rigorosa de dados, busca de fontes diversas e esforço para situar cada fato em seu contexto. Assim, cada página publicada oferece base para que leitores tomem decisões no dia a dia e participem da vida democrática. Ao mesmo tempo, sustenta relações com parceiros comerciais que reconhecem a importância de apoiar uma instituição autônoma que serve ao interesse público.

Philip Graham (1915–1963), o lendário editor de The Washington Post, definiu o jornal como o primeiro rascunho da história. Essa ideia orienta o Diário desde sua fundação. Cada reportagem funciona como registro de um instante, mas também como ponte entre passado e futuro. Ao ler este suplemento o leitor poderá perceber que muitos temas se transformaram em políticas, obras, leis ou mudanças de comportamento. Outros seguem em disputa, mas já contam com base documental sólida para avanços.

Chegar a 67 anos e 20.000 edições impressas é parte dessa viagem no tempo. Cada página guarda sinais de lutas, escolhas, tensões e conquistas. O Diário confia que seus leitores reconhecem a importância desse acervo e que seus parceiros compreendem o papel de apostar em um veículo que atua ao lado da comunidade. Essa confiança permite avançar, abrir novas frentes de apuração e manter atenção permanente sobre temas que moldam o cotidiano.

O Diário segue adiante porque acredita na força de sua história e na disposição de seus leitores. O jornal continuará a produzir o rascunho dos próximos capítulos, sempre guiado pela convicção de que informar é participar. E assim haverá de ser por muitas outras milhares de edições.




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