Opinião
FOTO: André Henriques/DGABC

Desde 11 de maio de 1958, quando o Diário chegou às bancas pela primeira vez, ainda com o nome de News Seller, o mundo seguiu por caminhos inesperados, o Brasil passou por transformações profundas e o Grande ABC viveu ciclos de avanço, reorganização e revisão de prioridades. Nesse processo, tecnologias surgiram, formas de trabalho foram redesenhadas, estruturas produtivas mudaram de base e a circulação de informações assumiu novas dinâmicas. Mesmo assim, um ponto permaneceu imutável a orientar todas as nossas escolhas editorais: a ideia de que o território formado pelas sete cidades funciona melhor quando compreendido como conjunto integrado.
Essa convicção direcionou reportagens, pautas e debates que, ao longo de décadas, procuraram aproximar municípios marcados por trajetórias próprias, mas interligados por desafios que nunca respeitaram fronteiras. Não à toa uma de nossas edições mais jubilosas foi a que circulamos em novembro de 1961, quando o então prefeito de São Bernardo, Lauro Gomes (1895-1964), lançou as bases do que viria a ser o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.
Grande ABC! O nosso Grande ABC! Temos verdadeira devoção a tal denominação aqui neste jornal. É fácil explicar a razão. O termo foi grafado pela primeira vez em 2 de julho de 1967 no rodapé de uma de nossas páginas de Política, quase escondido em um texto que discutia a criação de áreas metropolitanas pelo Brasil – e daí ganhou o mundo.
Compreender este contexto histórico explica por que poucas situações nos atingiram tanto quanto a fragmentação recente do Consórcio. Foi um trauma. A separação dos municípios criou um vazio de cooperação que repercutiu em temas essenciais, como mobilidade, saúde, meio ambiente, desenvolvimento e segurança.
Concentramos, por isso, todas as forças em defesa da intermunicipalidade, com análises, entrevistas e reportagens que buscaram reconstruir o diálogo entre os prefeitos. A insistência não foi mero posicionamento editorial, mas consequência da história de quem ajudou a consolidar o conceito de Grande ABC. Reunificar as sete cidades sob o mesmo teto foi trabalho contínuo, movido pela percepção de que problemas comuns exigem respostas articuladas. A vitória veio no início deste ano, com a reinclusão de São Bernardo e São Caetano ao Consórcio.
Essa visão sustenta outro princípio, o de que, para nós, não existe cidade maior ou menor, mais rica ou mais pobre, mais ou menos desenvolvida. Nas páginas impressas e, mais recentemente, nas plataformas digitais, existe o Grande ABC como espaço compartilhado, formado por comunidades que constroem sua identidade a partir da soma de esforços.
Ao longo dos últimos 67 anos, cada município seguiu estratégias próprias, mas nenhum deles deixou de influenciar e ser influenciado pelos demais. A interdependência se manifesta na economia, na circulação de trabalhadores, nas redes de ensino, nos serviços de saúde e na cultura. Não há fronteiras entre as sete cidades. É essa trama que orienta a nossa cobertura. Interpretar o território como conjunto possibilita enxergar conexões que ajudaram a compreender fenômenos que, isoladamente, pareceriam dispersos.
Ao alcançar a edição de número 20.000, quero reafirmar a nossa convicção de que a região se fortalece quando fala em uníssono. Acreditamos tanto na sinergia que escolhemos transformá-la em identidade permanente do Diário: “Sete cidades, um só jornal”.
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