Edição 20.000 Ao longo de meio século, greves, eleições, processos judiciais e prisão estamparam as manchetes do jornal
etista é o primeiro presidente brasileiro eleito para três mandatos Reprodução

Em 1º de janeiro de 2023, Luiz Inácio Lula da Silva (PT subiu a rampa do Palácio do Planalto para iniciar seu terceiro mandato como presidente da República. Esse momento representou um dos marcos mais recentes de sua trajetória política. Antes disso, diversos episódios de sua vida pessoal e política ganharam destaque nas páginas do Diário. As grandes greves de 1970 e 1980, as eleições presidenciais, os processos judiciais e sua prisão foram manchetes frequentes.
A trajetória de Lula é marcada por grandes conquistas, mas também por escândalos, como a Operação Lava Jato, que em 2018 o condenou a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-metalúrgico ficou preso em Curitiba por 580 dias, sendo libertado em 8 de novembro de 2019. Durante esse período, militantes organizaram um acampamento, chamado de Vigília Lula Livre, em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal.
Antes de se entregar à Polícia Federal, em 7 de abril de 2018, Lula permaneceu dois dias na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, e protagonizou uma das cenas mais emblemáticas de sua liderança, sendo carregado pelo povo. O presidente discursou por quase uma hora para milhares de apoiadores que o acompanhavam em vigília há dois dias.
“Não estou acima da Justiça. Se eu não acreditasse na Justiça, não teria fundado um partido político. E se for por esses crimes, de colocar pobres na universidade, negros na universidade, pobres comendo carne, pobres comprando carro, pobres viajando de avião, então vou continuar sendo criminoso neste País, porque vou fazer muito mais. Vou fazer muito mais. Esse pescoço aqui não baixa. Minha mãe já fez o pescoço curto para ele não baixar, e ele não vai baixar, porque vou sair de lá de cabeça erguida e peito estufado, porque vou provar a minha inocência.” Esse é um dos trechos marcantes do discurso do petista.
Em março de 2021, o STF (Supremo Tribunal Federal) anulou as condenações de Lula, reconhecendo a parcialidade do então juiz Sérgio Moro e restituindo seus direitos políticos. Com isso, Lula retornou ao cenário eleitoral e, em 2022, venceu uma disputa altamente polarizada contra Jair Bolsonaro (PL), reassumindo a presidência em 2023.
POLÍTICA
A projeção de Lula como líder sindical, durante as greves metalúrgicas do final da década de 1970, o transformou em uma das figuras mais importantes da resistência ao regime militar. Em 1980, ele ajudou a fundar o PT (Partido dos Trabalhadores), onde presidiu até 1988.
Sua primeira disputa política ocorreu em 1986, quando foi eleito deputado federal por São Paulo, com 651 mil votos – a maior votação para o cargo até aquele momento. Ele foi empossado como deputado e integrou a Assembleia Nacional Constituinte de 1987, responsável pela elaboração da Constituição Federal de 1988.
Apesar de ter sido eleito presidente do Brasil por três vezes, Lula sofreu três derrotas anteriores, sendo a primeira para Fernando Collor (1989), e depois para Fernando Henrique Cardoso (1994 e 1998). Em 27 de abril de 2008, em entrevista exclusiva ao Diário, Lula revelou que não se sentia preparado para governar o Brasil caso tivesse vencido a eleição de 1989.
“Me considerava mais um sindicalista do que um político. Eu era mais de fazer pautas de reivindicação do que programas de governo. Se tivesse ganhado em 1989, poderíamos ter governado com uma radicalidade tão grande que não seria benéfico para o País. Depois que perdi três eleições, isso me amadureceu. Pude conhecer melhor o Brasil. Quando cheguei à Presidência, cheguei com experiência e com mais facilidade para construir alianças políticas.”
PRESIDÊNCIA
Após as derrotas nas eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998, Lula venceu em 2002 e assumiu a presidência em 2003, implementando programas sociais de grande impacto, como o Bolsa Família. Reelegeu-se em 2006 e governou até 2010, deixando o cargo com alta aprovação popular e prestígio internacional.
Sua sucessora, Dilma Rousseff (PT), venceu as eleições presidenciais de 2010, tornando-se a primeira mulher a ocupar a presidência do Brasil. Reeleita em 2014, seu segundo mandato foi marcado por uma forte crise econômica e política, que culminou no processo de impeachment em 2016, quando foi afastada do cargo sob a acusação de pedaladas fiscais. Após sua saída, o vice-presidente Michel Temer (MDB) assumiu a presidência e concluiu o mandato.
Em 2018, Jair Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil ao derrotar Fernando Haddad (PT), marcando uma mudança significativa no cenário político após anos de governos do PT. Seu mandato, iniciado em 2019, foi caracterizado por pautas conservadoras, políticas econômicas liberais, forte presença militar no governo e intensa polarização política.
Nas eleições de 2022, Bolsonaro tentou a reeleição, mas foi derrotado por Lula em uma disputa extremamente acirrada - ele venceu com 50,90% dos votos válidos. O petista assumiu novamente a presidência em 1º de janeiro de 2023, tornando-se o primeiro presidente brasileiro eleito para três mandatos.



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