Diarinho Titulo Edição 20.000

Diarinho: 53 anos de histórias, cores e formação de leitores

Suplemento infantil do ‘Diário’ alcança edição de número 2.749 preservando tradição que atravessa muitas gerações da região

28/11/2025 | 02:40
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ARTE: Mauricio de Sousa
ARTE: Mauricio de Sousa Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


Na edição histórica de número 20.000 do Diário, o jornal revisita sua trajetória e destaca um de seus pilares mais longevos e queridos: o Diarinho, suplemento infantil que atravessou gerações e segue presente nas manhãs de domingo como referência de conteúdo educativo, lúdico e de formação de leitores.

AS PRIMEIRAS PÁGINAS

A história do Diarinho começa em 1971, ainda integrado às páginas internas das edições dominicais. Seu primeiro editor foi o cirurgião-dentista Odayr José Bigliazzi (1937- 2007), que registrou em 28 de novembro daquele ano um dos primeiros momentos marcantes da nova publicação: a entrega dos prêmios do 1º Concurso de Desenho Infanto-Juvenil Diarinho/Prefeitura de São Caetano, em evento realizado nos jardins do Palácio da Imprensa, sede do jornal na Rua Catequese.

Mas foi a partir de 2 julho de 1972 que a presença do Diarinho tornou-se regular. As páginas coloridas e festivas se consolidaram como um espaço dominical voltado às crianças, mas lido por pessoas de todas as idades, um papel pedagógico que fez do suplemento aliado constante de professores e escolas da região.

SUPLEMENTO

O Diarinho cresceu rapidamente. O que começou como páginas internas ganhou força pela demanda dos leitores e, em poucos meses, transformou-se em suplemento próprio, chegando ao formato conhecido hoje. O impulso decisivo veio da professora Solange Dotto, que utilizava o jornal para atualizar suas aulas de estudos sociais. Da conversa com a diretoria do Diário nasceu a ideia do suplemento infantil, que ela passou a editar a partir da segunda edição, assumindo o posto deixado por Bigliazzi.

LEGADO

Embora o Diário tenha alcançado agora as 20.000 edições, o Diarinho chegou no último domingo (23) à edição 2.749, celebrando 53 anos de existência em 2025. O tempo passou, as plataformas mudaram, mas o compromisso do caderno com o público infantil, e com a educação, permanece intacto.

Para o atual chefe de Redação do Diário e editor do Diarinho a partir de abril de 2024, Angelo Verotti, o caderno mantém sua importância por promover trocas e estímulos que ultrapassam gerações. “Editar o Diarinho é garantia de troca de conhecimento. Oferece a oportunidade de aprender ainda mais sobre o universo infantil e, ao mesmo tempo, transmitir informações às novas gerações.”

Desde 9 de novembro de 2025, ele passou o bastão do suplemento para os cuidados do jornalista Fabio Saraiva, que leva para as páginas a experiência profissional combinada ao olhar de pai: “Editar o Diarinho é um desafio e um grande prazer ao mesmo tempo, pois falar a linguagem dos pequenos não é simples nem fácil. Escrevo cada linha como se estivesse conversando com meus filhos”, afirma o editor, pai de Joaquim, 11 anos, e de Maria Teresa, 8.

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MEMÓRIA PRESERVADA

Quem deseja revisitar a história completa do Diarinho pode acessar as edições preservadas pela Fundação Pró-Memória de São Caetano, na Avenida Dr. Augusto de Toledo. O acervo é coordenado por Léia Cassoni, 73 anos, responsável pelo Centro de Documentação, que destaca a relevância histórica e cultural do material:

“Esse acervo tem uma representatividade muito grande porque a gente consegue contar o início desse acesso aos domingos em casa, sempre trazendo novidades e, ao mesmo tempo, uma linguagem tão importante para a faixa etária infantil. Hoje em dia a gente vê que tem uma certa notoriedade que se manteve de lá até hoje e de uma forma quase que inédita, porque não tem nada que supere ou contemple um local só, impresso ou digital, que mantenha a atenção da criança de forma educativa e lúdica.”

A história de Mauricio de Sousa com o Diarinho

A trajetória do Diarinho se entrelaça, desde os primeiros anos, com a de um dos maiores nomes do universo infantil brasileiro: Mauricio de Sousa. A parceria começou ainda nos anos 1960, no período do semanário News Seller, origem do Diário. Foi ali que Mauricio imprimiu suas primeiras revistas, nas oficinas da Rua Catequese, em Santo André — época de linotipos, impressão a quente e da famosa Kombi com a qual o artista vinha pessoalmente buscar os exemplares.

Com o lançamento do Diarinho, no início da década de 1970, a relação se fortaleceu. A Turma da Mônica passou a ilustrar as capas do suplemento, produzidas especialmente pela equipe do estúdio. A editora Solange Dotto ligava semanalmente com o tema da edição, e em um único dia as artes eram criadas, sempre alinhadas a datas comemorativas ou assuntos em destaque.

A parceria influenciou inclusive projetos do próprio Mauricio: “O Diarinho marcou tanto que rodei um subproduto — o Jornalzinho da Turma da Mônica — que eu mesmo vinha buscar nas gráficas do Diário com minha Kombi”, disse quando o Diarinho completou 50 anos.

Em outra fala exclusiva ao jornal, no mesmo ano, reforçou a importância histórica da parceria: “Jornal impresso é tudo na minha trajetória. O Diário está incrustado na nossa história. Tenho um histórico muito gostoso com esse jornal.”

E deixou um recado sobre a permanência do formato: “Nada substitui o impresso. Sempre que se quer refazer uma emoção, basta ler de novo. Com a Turma da Mônica impressa, continuamos conversando com o público de todas as idades.”

Klara Castanho, ainda criança, brilhou no Diarinho

Antes de se tornar um dos nomes mais conhecidos de sua geração, Klara Castanho, hoje atriz consagrada, apareceu no Diarinho em outubro de 2008, aos 8 anos. 

Moradora de Santo André, ela já somava mais de 100 trabalhos em apenas quatro anos de carreira e despontava como a menina que cantava no famoso comercial de margarina.

Na época, Klara fazia sucesso como Bel no seriado Mothern, do GNT, e se preparava para sua primeira novela, Revelação, do SBT. Muito espontânea, recebeu a equipe do Diarinho em casa, mostrou o quarto repleto de bonecas, o parquinho do condomínio e falou sobre sua nova personagem, Daniela, “uma menina-moleca, como eu”, disse à reportagem na época.

Para celebrar as 20 mil edições do Diário, Klara enviou uma mensagem de carinho ao jornal: “Me lembro como se fosse ontem do dia dessa matéria. Hoje mais velha, vejo a delicadeza e o cuidado do repórter e do jornal. Feliz de ter parte tão graciosa da minha trajetória marcada no nosso jornal.”




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