Editorial A violência no trânsito das sete cidades expõe quadro que exige respostas firmes. Entre novembro de 2024 e outubro deste ano, conforme reportagem publicada nesta edição do Diário, foram 5.855 ocorrências, das quais 254 com morte. O impacto financeiro estimado ultrapassa R$ 620 milhões, valor que recai sobre serviços públicos já pressionados. A soma envolve atendimento de emergência, saúde, danos à infraestrutura, perda de veículos e produtividade. O número não contempla efeitos que não entram nas planilhas, como mudanças na rotina das famílias e alterações duradouras no convívio social, que se ampliam quando o poder público demora a criar políticas de prevenção.
Embora possa parecer insensibilidade à primeira vista, é preciso enxergar além da dimensão humana – que, evidentemente, se impõe em cada caso. Vidas interrompidas deixam lacunas que não se mensuram. Mas há um custo. Famílias precisam reorganizar trajetórias e enfrentar sequelas. Muitas das vítimas estão na faixa de 18 a 44 anos, período em que se espera participação ativa no mercado de trabalho. Essas perdas repercutem na economia e requerem ação. O alto índice de acidentes envolvendo motocicletas reforça a necessidade de rever políticas de mobilidade e práticas de condução no dia a dia. Também evidencia o peso de jornadas extensas, pressões comerciais e deslocamentos sem apoio adequado.
A questão é extremamente complexa, mas precisa ser enfrentada. Programas de educação precisam dialogar com o mundo real, alcançando jovens motoristas e empresas que dependem da boa fluidez da mobilidade. Fiscalização constante, revisão de trajetos, incentivo a modais seguros e integração entre municípios ajudam a reduzir ocorrências. Cabe incluir ações coordenadas com escolas, serviços de saúde e redes comunitárias, de modo a conectar prevenção e cuidado. O custo social e financeiro mostra que a omissão tem preço. A solução passa por iniciativas que preservem vidas e reduzam o impacto coletivo que se repete a cada colisão, a cada capotamento, a cada atropelamento. É preciso dizer chega.
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