Editorial A ampliação anunciada para a ETA (Estação de Tratamento de Água) Rio Grande chega no momento em que o Grande ABC convive com racionamento e busca alternativas para manter o abastecimento estável. Acréscimo previsto de 500 litros por segundo a partir de 2026, somado ao avanço registrado em julho, indica continuidade de um plano que mira reduzir riscos em períodos de chuva abaixo da média. A iniciativa mostra que o poder público reconhece limitações do sistema atual e procura ampliar a margem de segurança. Em cenário de pressão sobre os reservatórios, que estão operando em níveis críticos já há algum tempo, cada reforço técnico tende a dar mais previsibilidade às operações.
Não se pode, entretanto, acreditar que a questão está solucionada. Pelo contrário. Ainda há muito a ser feito, especialmente por causa do fenômeno das mudanças climáticas que tem alterado o regime de chuvas no Brasil. O enfrentamento da crise hídrica no Grande ABC exige combinação de investimentos estruturais e ações de gestão que alcancem toda a cadeia do abastecimento. Além da ampliação da ETA Rio Grande, é possível avançar na redução de perdas na distribuição, ainda elevadas em diversos municípios. Sistemas de detecção de vazamentos, renovação de redes antigas e monitoramento remoto podem recuperar volume significativo, diminuindo a pressão sobre os mananciais.
Outra frente no combate à escassez hídrica envolve a promoção do reúso – algo similar ao que fez o Polo Petroquímico de Capuava ao desenvolver o Aquapolo ABC, que entrou em operação há uma década, em 2015. Indústrias, prédios públicos e grandes empreendimentos podem adotar métodos de aproveitamento de água tratada para fins não potáveis, liberando o produto de melhor qualidade para consumo humano. Programas de orientação ao cidadão também contribuem, já que mudanças de hábito reduzem desperdícios e ampliam a eficiência do sistema. Somadas, essas medidas constroem uma base mais sólida para períodos de estiagem, que, infelizmente, tendem a se tornar mais comuns.
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