Imbróglio Definição dos nomes deveria ter ocorrido na quinta-feira passada, mas conselho curador adiou reunião em busca de ‘ampliar diálogo regional’
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O processo de definição dos nomes do presidente da Fundação do ABC e do reitor do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) completou ontem uma semana paralisado. Não há previsão de nova data. A reunião do conselho curador que elegeria a dupla, convocada para quinta-feira (27) passada, foi adiada por tempo indeterminado “diante da necessidade de ampliar o diálogo regional”, segundo justificativa da FUABC.
O futuro comando da OSS (Organização Social da Saúde), que tem orçamento previsto de R$ 4,4 bilhões em 2026, o que equivale a um faturamento médio de R$ 12,1 milhões por dia, segue indefinido. “Não há no estatuto ou no regimento interno qualquer dispositivo que determine prazo obrigatório para a marcação de reuniões extraordinárias do conselho curador”, manifestou-se ontem a FUABC, por meio de nota, ao ser questionada sobre a eleição.
A instituição informou, ainda, que “não há data definida para a nova reunião destinada à realização dois dois processos eleitorais”. A FUABC prosseguiu dizendo que os curadores só voltarão a ser convocados quando houver “convergência de ideias entre os municípios instituidores”.
Quem articulou o adiamento da reunião dos curadores no dia 27 foi Luiz Mário Pereira de Souza Gomes. Respaldado pelo prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima (Podemos), ele tenta se manter dando as cartas na FUABC, onde já está há oito anos alternando entre os cargos de presidente, que ocupa atualmente, e o de vice.
Ao ver que naufragaria a sua tentativa de se reeleger, ou ao menos assegurar a cadeira de vice-presidente, segundo apurado pela reportagem do Diário, Luiz Mário optou, na condição de presidente do conselho curador, pela suspensão de ambas as eleições – o Centro Universitário FMABC é mantido pela FUABC.
O estatuto da instituição, diferentemente do que havia sido divulgado anteriormente, não estabelece prazo para que a nova reunião do conselho seja agendada. O regimento estabelece, porém, que a data seja comunicada aos curadores com pelo menos 24 horas de antecedência.
A tentativa de Luiz Mário de se manter na presidência da FUABC provocou o início da divergência. Bancado por Marcelo Lima, o nome desagradou os outros dois prefeitos que administram municípios mantenedores da Fundação: Gilvan Ferreira (PSDB), de Santo André, e Tite Campanella (PL), de São Caetano.
No dia da eleição, Tite indicou o diretor de Saúde de São Caetano, Ricardo Carajeleascow, para o cargo. Já Gilvan apresentou o Aldemir Humberto Soares, coordenador de Serviços de Saúde do Estado, nome que teria sido avalizado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e, por fim, recebeu o endosso de Marcelo Lima.
Na tensa manhã do dia 27, após várias conversas entre os três prefeitos – e entre cada um deles com interlocutores comuns que atuaram como bombeiros –, ficou consensualmente acertado que a presidência da FUABC deveria ser exercida por Soares, com Carajeleascow na vice-presidência. O arranjo desagradou parte dos 21 curadores que, efetivamente, têm direito a voto. Luiz Mário teria se aproveitado da divergência para então suspender o pleito e ganhar tempo.
O adiamento da reunião interrompeu também o processo de eleição do reitor da FMABC para o quadriênio 2026-2029. A primeira etapa do pleito, realizada em 31 de dezembro no conselho do centro universitário, terminou com a vitória do situacionista Fernando Luiz Affonso Fonseca, atual vice, que derrotou o oposicionista Antonio Carlos Palandri Chagas por 41 a 1. Os dois nomes serão submetidos agora aos curadores da FUABC, que optarão por um deles.
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