Aniversariante História da cidade ganha novos contornos e fica ainda mais viva graças aos relatos de dupla de estudiosos
FOTO: Arquivo Pessoal

A história de Diadema tem uma importância fundamental para o Grande ABC pela sua localização estratégica, interligando a região com a Zona Sul de São Paulo.<TB>Antigamente, a li-gação era pelo Rio Grande e hoje, pela Represa Billings, que engoliu o rio e trouxe o turismo para a cidade.
Há um relato clássico repetido nestas ocasiões em que Diadema aniversaria, misto de história oficial com dados que questionam este enredo. O recheio fica por conta de depoimentos de seus pesquisadores.
Dois deles, fontes permanentes, se encontraram em dezembro de 2015, perpetuando-se dados que estariam irremediavelmente perdidos não fossem os relatos de Amaury Martins de Carvalho, ouvido pela página Memória, do Diário, em companhia de Walter Adão Carreiro.
A HISTÓRIA GERAL
Na comemoração anual da emancipação político-administrativa, Diadema reporta-se ao 8 de dezembro, dia da padroeira, Imaculada Conceição.
A contagem é iniciada em 1959, ano em que a lei estadual 5.285, de 18 de fevereiro, oficializa a separação do distrito de Diadema do município de São Bernardo.Diadema nasce ao redor de uma capela, construída em 1735. A região era conhecida por Acuri ou Guacuri. O nome Diadema é de 1948, o ano em que o lugar foi elevado a distrito.
O plebiscito que promoveu Diadema à condição de município autônomo realizou-se em 24 de dezembro de 1958. E sua instalação registra-se em 1º de janeiro de 1960.
Amaury e Walter Carreiro fazem parte da lista dos líderes autonomistas diademenses. O primeiro morreu neste ano, em 1º de julho. Carreiro lançou, em 2011, um livro belíssimo: Diadema, Em Cada Esquina Uma História: Biografia das Ruas, ápice da sua trajetória de memorialista. Hoje, aposentado, ele permanece fiel a Diadema.
Eldorado foi um marco para o turismo do Grande ABC
Eldorado já foi centro turístico, pela beleza natural das matas e pela artificial da represa ainda livre da poluição. Havia hotéis internacionais em Eldorado, restaurantes luxuosos, o Iate Cine Eldorado, barcos de dez a 15 metros com salões de dança e restaurantes.
E havia o Hotel e Restaurante Bela Vista, na Avenida Nossa Senhora dos Navegantes, que chegou a abrigar as equipes do Palmeiras e da Portuguesa, que faziam treinamentos em campo de futebol não muito distante do atual estádio do Água Santa.
Depois, o Bela Vista se transformou em hospital psiquiátrico. Hoje abriga a Universidade Federal de São Paulo, campus da aniversariante Diadema.
A maioria dos moradores de Eldorado era formada por famílias alemãs. Entre os alemães de Eldorado estava Roberto Pot, praticamente o fundador do bairro.
Como a Alemanha, na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), integrava o chamado Eixo, junto com Japão e Itália, as autoridades policiais temiam alguma sabotagem por parte dos estrangeiros, que pertenciam a país adversário do Brasil no conflito. Diziam que a Represa Billings era formada por paredões (barragens). Se o inimigo arrebentasse um deles, São Paulo seria inundada.
Desse modo, italianos, japoneses e alemães que residiam perto da represa teriam que deixar suas casas.
O historiador Amaury Martins de Carvalho (1922-2025) dirigiu-se ao Dops (Departamento de Ordem Polícia e Social) e assinou um termo de responsabilidade. E conseguiu que o Roberto Pot e esposa, dona Josefina, também alemã, permanecessem em Eldorado.
Na década de 1960, o cantor e compositor Roberto Carlos e seus colegas de Jovem Guarda – claro, entre eles o ‘Tremendão’ Erasmo Carlos (1941-2022) – costumavam, às segundas-feiras, pescar em Eldorado.
E o rei Roberto tanto veio que acabou por comprar um casarão no bairro – um dos tantos já demolidos diante do urbanismo acelerado que trouxe tantos e tantos irmãos brasileiros em busca do eldorado paulista.
Amaury é autor de um trabalho sobre a história da formação de Eldorado. Uma longa pesquisa, cuja síntese foi publicada pelo Diadema Jornal.
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