Veja a Palavra do Leitor do 'Diário' deste dia 9 de dezembro de 2025

Feminicídios – 1

‘Com 12 mortes, Grande ABC registra recorde de casos de feminicídios em 2025’ (Setecidades, dia 5). Os números são estarrecedores. No Brasil, em 2024 ocorreram 1.459 feminicídios cometidos por homens (ou seriam animais?) e este número não para de crescer. Muitos destes crimes são bárbaros com requintes de crueldade e selvageria. Veja o caso da jovem atropelada e arrastada por 1 km na Marginal Tietê. Ela não morreu, por puro milagre, mas teve as pernas amputadas e está hospitalizada em estado grave. Como será o futuro desta jovem e sua família? Será que, quando baixar a poeira e tivermos outro crime bárbaro – igual ou pior –, não haverá logo um bom advogado e um juiz disposto a libertar o autor por ser réu primário, ter bom comportamento, endereço fixo etc.? Como digo: ‘a impunidade é uma avenida aberta para o aumento da criminalidade’ em todas as modalidades.

Mauri Fontes

Santo André

Feminicídios – 2

‘Manifestantes protestam contra o feminicídio na Paulista’ (www.dgabc.com.br). O Diário, mais uma vez, nos convida a uma reflexão imprescindível e histórica. O que precisamos compreender é que esses ‘omens’ [sic] agressores, criminosos, machistas e covardes não suportam viver sem a sensibilidade, intuição, sabedoria, grandeza e o dom santificado da maternidade das mulheres. E o que elas devem atentar-se é que esses ‘omens’ sempre deixam suas manchas de comportamentos senis e esses comportamentos só se tratam com cadeias e sem as saidinhas temporárias.

Cecél Garcia

Santo André

Fila do INSS

‘Previdência faz mutirão de perícias médicas na região’ (Economia, dia 6). Ótima atitude, quem tem seus direitos adquiridos não pode ficar aguardando por falta de peritos ou pelo ritmo lento deles. Acontece que em determinados casos, o meu por exemplo, além da perícia médica, carece também da perícia social, e essa, até onde eu sei não tem mutirão programado.

Silvanete Santos 

Santo André

Homens e máquinas

O artigo ‘Automação x criatividade humana’, de Denise Marques (Opinião, ontem), traz reflexões pertinentes sobre os riscos da passividade intelectual diante da tecnologia. Concordo com a essência do alerta. Mas é preciso avançar num ponto decisivo: a automação, por si só, não empobrece ninguém. O que empobrece é o uso preguiçoso, acrítico e dependente que muitos fazem dela. A tecnologia não sequestra a criatividade – ela apenas expõe quem já desistiu de pensar. O perigo real não está nos algoritmos, mas na comodidade de quem troca leitura por resumo, reflexão por resposta pronta, dúvida por clique. Para quem não lê, não questiona e não forma opinião, qualquer ferramenta vira muleta. E muletas, quando usadas sem necessidade, atrofiam. Como tudo na vida, a automação tem dois lados. É remédio e é veneno. A diferença está na dose – e, sobretudo, em quem a administra. Para mentes curiosas, a tecnologia amplia referências, acelera descobertas e estimula conexões. Para mentes acomodadas, apenas confirma superficialidades. Culpar as máquinas pela decadência do pensamento humano é tão confortável quanto inútil. O problema não é a velocidade das respostas, mas a preguiça das perguntas. A ferramenta não substitui a inteligência; apenas revela seu uso – ou sua ausência. O futuro não será dominado por máquinas criativas, mas por humanos que decidiram não abdicar do próprio pensamento. Nesse sentido, a tecnologia não desumaniza ninguém. Apenas escancara quem abriu mão de ser protagonista da própria inteligência.

Izabel Avallone

Capital