Desafio de Redação Docente de uma escola de Santo André, Fernanda Estácio da Silva, vence 19° Desafio ao abordar personagem que luta contra o câncer
Claudinei Plaza/DGABC

Para homenagear o pai, a professora de língua portuguesa do Liceu Jardim, de Santo André, Fernanda Estácio da Silva, 42 anos, resolveu escrever uma carta literária no 19º Desafio de Redação do Diário. E foi com a história de vida de José Estácio da Silva, que ela se tornou a primeira colocada na categoria de docentes e levou para casa uma bolsa de estudos na USCS (Universidade Municipal de São Caetano) ou no Centro Universitário FSA (Fundação Santo André), pensando em psicopedagogia.
Com o tema Carta para meu eu do futuro - onde me vejo daqui a 10 anos, Fernanda, diferente dos outros concorrentes, fez um texto ficcional, se colocando no lugar de uma situação vivida pelo familiar. Quando a docente tinha 14 anos, em 1997, seu pai foi diagnosticado com câncer de próstata.
“Vi no concurso uma oportunidade de fazer uma literatura e achei que minha trajetória não fosse tão emocionante quanto a dele. Na época que descobrimos que ele estava com câncer de próstata, o médico deu seis meses de vida para o meu pai. Apesar disso, ele sobreviveu mais 19 anos e faleceu em 2015. Convivemos com a ideia da morte dele desde sempre. É algo que me atravessa, o texto foi uma maneira de deixar a história viva, meu pai foi meu herói”, explicou Fernanda.
Além de vivenciar o legado do seu pai José da Silva, a professora ressaltou que sua carta foi uma homenagem a todas as mulheres, por isso o texto foi escrito na visão de uma pessoa em tratamento contra o câncer de mama.
LUTA NA EDUCAÇÃO
Nascida na Capital, Fernanda se formou em Letras pela USP (Universidade de São Paulo). Seu primeiro contato com o mundo das salas de aulas foi em um cursinho comunitário, entre 2002 e 2005. Um ano depois, a docente realizou um intercâmbio na Alemanha e ao chegar no Brasil começou a ministrar aulas de alemão.
Nessa função, a professora não se viu realizada e chegou a largar por um período a profissão. Contudo, a vontade de ensinar se manteve viva em Fernanda.
“Me tornei corretora de imóveis, mas percebi que não era aquilo que queria. Tinha visto que nasci para ser professora. Voltei a dar aula em um pré-vestibulinho na Zona Norte da Capital e em 2018 cheguei ao Liceu Jardim, em Santo André”, disse a professora
A paixão pela literatura também sempre esteve presente na vida de Fernanda, sendo autora do livro Acordar, lançado em 2022 pela editora Patois. A obra relatou vivências amorosas em formato de poemas. “Sempre escrevi poesias. Tinha um amigo que confiava e sempre elogiava, às vezes até publicava nas redes sociais. Fui guardando alguns, até que em 2019 usei para analisar nas aulas com meus alunos”, comentou.
Além das obras, Fernanda sonha em ter um Brasil com uma maior valorização profissional. “Em dez anos, penso que precisamos ser mais reconhecidos, ainda mais que se forma cada vez menos professores. Precisamos ser mais respeitados. Meu sonho é que a gente esteja em uma sala de aula sem medo de hostilidade ou desrespeito”, completou.
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