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Infecção generalizada mata 277 moradores por mês na região

Especialista explica que diagnóstico precoce da sepse é essencial para sobrevivência; doença é uma resposta descontrolada do próprio corpo

14/12/2025 | 02:01
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FOTO: Agência Brasil
FOTO: Agência Brasil Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


 A sepse, antigamente conhecida como septicemia, causou a morte de 3.049 pessoas do Grande ABC, entre janeiro e novembro deste ano. Esse número representa uma média de 277 mortes por mês ou cerca de nove óbitos por dia derivados da infecção, segundo dados da Arpen-SP (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo).

Santo André foi a cidade com maior número de óbitos no período, com 1.058. Na sequência, aparecem São Bernardo (949), São Caetano (335), Mauá (309), Diadema (283), Ribeirão Pires (92) e Rio Grande da Serra (23).

O clínico geral e especialista em longevidade, Marcelo Bechara, explica que a sepse é uma reação que danifica o próprio corpo. “É uma resposta exagerada e descontrolada do organismo a uma infecção, capaz de causar falência de órgãos e risco de morte. Também era conhecida como septicemia, mas o termo recomendado hoje é sepse”, disse o médico.

Ainda de acordo com Bechara, a doença ocorre quando o sistema imunológico, ao tentar combater um microrganismo, provoca uma inflamação intensa que passa a danificar o próprio corpo. Dessa maneira, a sepse é derivada de algo que já existe, como infecções pulmonares (pneumonia), urinárias, de pele, abdominais e associadas a feridas cirúrgicas.

“Qualquer infecção que não é tratada a tempo ou evolui de forma agressiva pode desencadear a sepse”, comentou Bechara. Os sintomas variam, mas estão associados a febre alta, batimentos cardíacos rápidos, queda de pressão, confusão mental, manchas, pele fria e mal-estar intenso.

Em comparação com o ano anterior, os casos fatais tiveram aumento de cerca de 13%. Entre janeiro e novembro de 2024, foram 2.705 mortes registradas pela doença. Todas as cidades do Grande ABC registraram aumento de um período para outro.

Bechara explicou que esse aumento pode estar ligado a diversos fatores. “Regiões com maior número de idosos tendem a registrar mais óbitos, pois o risco aumenta com a idade. Outro fator é a falta de informação, muitas pessoas confundem os primeiros sintomas com infecções simples e chegam ao hospital tarde demais. Além disso, epidemias de gripe, pneumonias bacterianas e impacto tardio da Covid-19 podem elevar o número”, completou.

Segundo o clínico geral, a evolução do nível da doença pode ser rápida, e por isso deve-se diagnosticar precocemente. “Horas fazem a diferença. Diagnóstico precoce é determinante para a sobrevivência. Os dados da Campanha de Sobrevivência à sepse mostram que a cada 1h de atraso no tratamento da sepse grave, a mortalidade pode aumentar em 7% a 10%. Por isso, os hospitais treinam equipes para reconhecer sinais iniciais e seguir protocolos padronizados”, ressaltou o médico.

BOXEADOR

Um dos casos famosos de morte pela doença foi do pugilista brasileiro Éder Jofre, aos 86 anos. Em 2022, a lenda do boxe e ícone do esporte faleceu por sepse urinária e insuficiência renal. Ele estava internado por pneumonia em São Paulo.




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