No Ginásio Poliesportivo Sacadura Cabral Em Santo André, projeto usa brincadeiras e ensina alunos de 5 a 10 anos a reconhecer sintomas e pedir ajuda rapidamente
FOTO: Celso Luiz/DGABC

Toda criança pode ser um super-herói. Foi com essa ideia que o Ginásio Poliesportivo Sacadura Cabral, em Santo André, se transformou em uma grande base de formação na última semana. Por lá, mais de 1.200 crianças de 13 escolas municipais da cidade participaram do projeto Fast Heróis, uma atividade cheia de histórias, personagens e brincadeiras para ensinar como perceber os sinais e a presença de um vilão, no caso, o AVC, o Acidente Vascular Cerebral.
Apesar do nome complicado, o AVC é simples e acontece quando o sangue para de circular no cérebro, o que pode causar desmaios, dificuldades para falar ou fraqueza em um lado do corpo. E o que os participantes do Fast Heróis aprenderam é que, nessas horas, cada segundo é precioso e até as crianças podem ajudar.
No treinamento, os alunos de 5 a 10 anos conheceram uma liga especial: Vovô Simão, que mostra o sinal do sorriso caído; Vovô Bruno, que perde a força em um dos braços; e Vovó Fiona, que representa a fala enrolada.
O malfeitor da história é o Coágulo, e quem enfrenta tudo isso é Tiago, o neto que simboliza todas as crianças capazes de pedir ajuda rapidamente, como o The Flash, ligando para 192, número do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Uma de nossas heroínas, a estudante da Emeief Celestino Bourroul, Maria Fernanda Marrero de Oliveira, 9 anos, contou que nunca tinha ouvido falar de AVC antes, mas entendeu como agir. “Aprendi que quando alguém da nossa família passa mal, a gente tem que ligar para a emergência bem rápido. É importante porque a gente consegue perceber e pedir ajuda. Vou ensinar meus pais tudo que aprendi para a gente se cuidar”, disse.
Já sua colega de turma Luana Chagas Borges, 9, explicou que agora sabe exatamente o que procurar. “Quando um lado do sorriso cai, ou a pessoa não consegue levantar um dos braços, ou falar direito, a gente precisa ligar para o ‘192’ e explicar o que está acontecendo. Agora estou preparada para perceber o AVC igual os personagens da história”, avaliou a menina.
Além da aventura, o programa também contou com apresentações musicais e a criação de jogos de tabuleiro que ajudam a entender como o AVC funciona.
Para Nicolas Silva Tavares, 8, estudante da Emeief Parque Andreense, o treinamento também fez diferença. “Eu já tinha ouvido falar sobre isso na televisão, mas não sabia direito o que era. Se alguém estiver passando mal, depois de ligar para o Samu, precisamos passar o nosso endereço. É importante saber isso porque às vezes os adultos estão só com uma criança por perto e assim a gente pode ajudar”, conta.
Para os organizadores, a ideia é justamente aumentar o papel das crianças dentro das famílias.
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AÇÃO FUNDAMENTAL
O secretário de Educação de Santo André, Pedrinho Botaro, lembrou que muitos pequenos convivem diariamente com avós e cuidadores, e destacou que durante o treinamento na cidade, já houve três casos em que alunos reconheceram sinais dentro de casa e ajudaram a evitar situações mais graves.
“A criança é curiosa por natureza, então um conhecimento como esse faz elas se tornarem ainda mais importantes dentro das famílias”, pontuou ele.
Já a secretária adjunta de Saúde, Vanessa Crispim, reforçou que quanto mais rápido alguém percebe os sinais, maiores são as chances de recuperação.
Para ela, as crianças aprendem com facilidade e podem fazer diferença. “Quando elas identificam o sintoma e chamam o Samu, conseguimos atender no melhor momento. Desse jeito, muitos pacientes podem até sair sem sequela nenhuma.”
Consultor científico do projeto, Alessandro Rômulo Alencar disse que o Fast Heróis tem a preocupação de usar os ensinamentos com personagens que ajudam a memorizar os principais sinais do AVC, para que as crianças aprendam de um modo fácil. Ele acrescentou que cada aluno presente leva esse conhecimento para casa.
“Uma criança impacta pelo menos cinco pessoas. Ela vai ensinar o vovô, a vovó, o papai, a mamãe e os amigos”, contou. Segundo ele, em Santo André, os pequenos heróis já estão preparados para agir e podem salvar vidas com apenas uma ligação.
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