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Número de mortes por suicídio cresce 15% em dois anos

Foram 180 casos de janeiro a outubro deste ano contra 156 registros em 2023; psiquiatra destaca a importância de romper o tabu sobre o tema

14/12/2025 | 22:30
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FOTO: Freepik Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


Em dois anos, o número de mortes por suicídio cresceu 15% no Grande ABC. Segundo dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), a região registrou 180 óbitos de janeiro a outubro de 2025, ante 156 no mesmo período de 2023. Na comparação com o ano passado, a alta foi de 5%, quando foram registradas 171 ocorrências. Apesar de delicado, o tema precisa ser abordado, de acordo com a psiquiatra da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Danielle Admoni. 

“Em consulta, perguntamos se a pessoa já pensou em deixar de viver ou se já chegou a ter uma tentativa. É importante para poder orientar. Falar não vai fazer com que a pessoa tenha ideação suicida nem ideias de como realizá-la, até porque essas informações já estão disponíveis na internet, facilitando o acesso a grupos que incitam o ato. Este, inclusive, é um dos possíveis motivos do aumento dos números”, afirma a médica. 

Danielle aponta que, em 98% dos casos, a pessoa tinha um transtorno mental. Os mais comuns são depressão e bipolaridade. Por isso, é importante o cuidado com a saúde mental. “É uma característica desta geração a baixa tolerância a frustrações, principalmente em adolescentes, que possuem poucos recursos internos, podendo decidir atentar contra a própria vida por questões rotineiras, como uma nota baixa ou o término de um namoro. Há também muita impulsividade nesta idade”, destaca. 

O uso de substâncias químicas também é um fator de risco para quem apresenta pensamentos suicidas. Grupos na internet que incitam o ato são um estímulo a pessoas vulneráveis, especialmente crianças e adolescentes. “Muitos pais falam para os filhos não falarem com estranhos, mas no ambiente on-line eles têm contato o tempo todo. O perigo entra em casa, por isso, é preciso ter controle sobre o que os jovens acessam. Dar limites faz parte do processo de criar estrutura para lidar com as frustrações da vida”, alerta a psiquiatra.

Mudança de comportamento é o principal sinal de que um familiar ou amigo possa estar desenvolvendo algum transtorno mental e deve buscar tratamento antes que a situação se agrave e evolua para uma ideia de morte, quando existe um desejo de não viver, ou para uma ideação suicida, caso em que há uma ação de fato.<EM>

Segundo estimativa da OMS (Organização Mundial de Saúde), para cada caso de suicídio, há até 20 tentativas frustradas. Pessoas que já atentaram contra a própria vida precisam de um monitoramento da família, além do tratamento, orienta a psiquiatra Danielle Admoni.

“É preciso colocar redes nas janelas, trancar portas e dificultar o acesso a facas e objetos cortantes, armas de fogo e instrumentos que possam representar um risco, além de manter a medicação e a terapia em dia. Em casos mais graves, é recomendado internar em uma clínica”, afirma. 

PREVENÇÃO

Campanhas como a Nossa Saúde Mental do Diário ajudam a trazer o alerta para a importância do cuidado com o bem-estar psicológico, que, muitas vezes, não recebe a mesma atenção que a saúde física.

Lançada em 13 de abril deste ano, a ação visa ainda estimular o desenvolvimento de políticas públicas que ampliem o acesso da população do Grande ABC a atendimentos psicológicos e psiquiátricos. 

Quem estiver enfrentando dificuldades com questões emocionais pode procurar ajuda por meio de uma UBS (Unidade Básica de Saúde), onde será encaminhado para tratamento. Iniciativas como o CVV (Centro de Valorização à Vida) oferecem suporte gratuito pelo número 188. Em casos de emergência, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – 192) deve ser acionado. 




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