Setecidades Titulo Memória

DOCUMENTO. A indústria moveleira. Já foi muito forte na região. Especialmente em São Bernardo. O que aconteceu?

A resposta foi dada há 30 anos pelo jornalista João Paulo Nucci em reportagem e depoimento publicados pelo 'Diário'

Ademir Medici
17/12/2025 | 03:00
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Crédito da foto – Maria Emília Sette Nucci; reprodução: João Henrique Medice
Crédito da foto – Maria Emília Sette Nucci; reprodução: João Henrique Medice Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


Na história do movimento sindical do Grande ABC, o primeiro sindicato de trabalhadores da era Vargas na região foi o dos marceneiros de São Bernardo, com carta de reconhecimento pelo governo federal datada de 17 de janeiro de 1933.

O sindicato ainda existe, incorporando os trabalhadores da construção civil. É o Sintracom SBC-Diadema.

“Este livro foi escrito pelo meu pai, que se chama João Paulo Nucci, nasceu em São Bernardo do Campo e é jornalista. Nós moramos no bairro Nova Petrópolis, bem perto da caixa d´água, com a minha mãe, Mila, e o nosso gato, Simba Champs’.

Tales Sette Nucci

Na Memória de hoje, um aspecto do jornalismo de João Paulo Nucci em 1995 e o lado ficcionista do mesmo profissional neste 2025, com o lançamento de um livro belíssimo de contos e crônicas batateiras.

Na capa, o reservatório de Nova Petrópolis. O formato é o de um pistão para lembrar a indústria automobilística de São Bernardo. 

I - FICCÃO

O livro de Nucci ganhou o título tirado da História do Grande ABC: “Borda”, simplesmente, da “Borda do Campo” ou da “Santo André da Borda do Campo” (Porto Alegre, RS: Simplíssimo, 2025).

São contos e crônicas que citam São Bernardo e as Setecidades, além de espaços geográficos como a Serra do Mar.

“O livro traz seis breves narrativas que têm em comum apenas o território do município (São Bernardo), com um apanhado dos tipos que o habitam ou passaram por aqui em algum momento da história”, explica o autor no prefácio da “Borda”.

“É gente simples, com existências complexas, que escolheu – ou foi escolhido por – esse pedaço de terra para sobreviver”, narra Nucci.

Assim, o leitor vai encontrar no livro cenários como o Estádio Primeiro de Maio num jogo do São Bernardo. O morro ocupado do Areião, vizinho ao Rodoanel. O princípio da Volkswagen. O Edifício Senador atingido por um imaginável “meteoro” – tudo isso no que João Paulo Nucci chama de crônicas batateiras”, já no crepúsculo do livro.

Os contos vêm na primeira parte, com mais referências “batateiras” – sempre lembrando o apelido histórico “batateiro” como são conhecidos os são-bernardenses. Um exemplo: a referencial “Ilha de Capri”.

O estilo saboroso de contar do jornalista prende a atenção do leitor. Um ótimo presente para o Natal 2025. Procurem pelo livro.

II - REALIDADE

Retornemos a 1995. Naquele domingo, João Paulo Nucci ocupou enorme espaço do Diário com uma reportagem que recebeu o seguinte título: “Indústria moveleira deixa São Bernardo”.

O número de produtores de móveis caíra pela metade em dez anos e o polo do setor moveleiro passava a ser o sul do país: eram 450 indústrias moveleiras em São Bernardo cadastradas pelo sindicato dos trabalhadores no setor em 985, contra 215 (mais 60 informais), em 1995.

Detalhe: as fábricas de móveis que resistiam eram, em sua maioria, 75% pequenas e médias. A exceção maior, uma indústria histórica, a Irmãos Corazza, a mais antiga fábrica da cidade, uma das mais antigas do Grande ABC, fundada em 1919.

“Temos ideia de construir um shopping do setor”, dizia um dos proprietários, Nelson Corazza, então com 72 anos de idade.

Trinta anos depois, a Irmãos Corazza também é saudades. O que significa que a reportagem de Nucci estava certíssima, antecipando o que reservaria à antiga “Capital Brasileira dos Móveis” – fechar mais fábricas e valorizar a venda de dormitórios, mesas e cadeiras, copa e cozinha, “importados” de outras paragens e que incrementam até hoje a área da Rua Jurubatuba e imediações.

III - DEPOIMENTO

João Paulo Nucci, Diário, 17-12-1995

Um pedaço da história e a prova da pujança e da qualidade da indústria moveleira de São Bernardo estão na sala de estar da minha casa. Uma cristaleira, uma mesa com seis cadeiras, e uma bancada com gavetas e armários, produzidos na cidade há exatos 40 anos (em 1955, hoje seria há 70 anos), resistem ao tempo, e carregam lembranças familiares e da própria história da cidade.

O trio que hoje brilha na minha sala foi comprado por um tio que, em 1955, estava montando sua casa.

Anos depois, já casado, ele se mudou para o interior e os móveis ficaram com meus avós.

Há cinco anos (1990), quando houve a repartição dos bens que pertenciam a ambos (já mortos), minha mãe não perdeu tempo e ficou com o mobiliário.

As peças em estilo provençal, hoje reformados e envernizados, são o carro-chefe da minha casa.

Para a edição 20.019...

João Paulo Nucci

Crédito da foto – Maria Emília Sette Nucci; reprodução: João Henrique Medice

Ficção e realidade. Nucci com o filho Tales no livro de contos que tem São Bernardo como cenário: hoje, cenas imaginárias; ontem, a realidade do jornalismo

NAS ONDAS DO RÁDIO

Canta Itália

De volta ao Brasil, Marquitho Riotto conta as novidades trazidas de sua mais recente viagem à Itália.

No Momento Memória, nomes que fizeram (e fazem) história na região, entre os quais dois professores queridos: Elisei Fedri e Noêmio Spada.

E mais: as famílias Aceto, Andretta, Balderi, Balottim, Begliomini, Buzon, Cavagioni, Coradi, Cuzziol, Donadelli, Fanti, Genari, Gianotti, Lazzarini, Lazzer, Leonardi, Magnani, Mazzolla, Morelatto, Nardi, Piolli, Pisaneschi, Rossato, Santi, Scarpelli, Spesoto e Tondi.

Produção e apresentação: Marquitho Riotto. Hoje, às 20h, com reapresentação no sábado, às 23h. Rádio ABC AM (1570) e FM 81.9, em cadeia com a Rádio Web Spaghetti, de São Bernardo.

MAUÁ

‘Duas cidades, duas histórias’ (Memória, 8-12-2025). As páginas referentes ao aniversário de Mauá reacedenram velhas lembranças. Tenho um grande apresso pela cidade e Mauá, que me acolheu durante 35 anos da minha trajetória profissional. Mesmo atrasado, parabéns, Mauá. Você sempre estará em minhas memórias e em meu coração.

Vanderlei Retondo - O cronista de Santo André

GRANDE ABC

‘O IHGSP e o DNA de cinco cidades’ (Memória, 7-12-2025). Sempre me indaguei como surgiu o termo ABCD, aplicado à nossa região. E Memória explica.

Alexandre Takara - Orientador desta página Memória

DIÁRIO HÁ MEIO SÉCULO

Quarta-feira, 17 de dezembro de 1975 – Edição 2931

MANCHETE – Carros vão ter os preços aumentados no início de 1976.

MOVIMENTO SINDICAL – Montadoras de automóveis negavam antecipação salarial de 22,1% solicitada pelos sindicatos.

EDUCAÇÃO – Instituto de Educação João Ramalho, Ginásio Estadual Wallace Simonsen e Centro Educacional Lauro Gomes, os três de São Bernardo, só atenderão alunos do 2º Grau, por determinação do Estado.

SÃO CAETANO – Moradores da Rua Conceição, bairro Cerâmica, reclamavam do abandono da via.

EM 17 DE DEZEMBRO DE...

1915 – Professor Luiz Cardoso Franco, diretor do Grupo Escolar de Santana, na Capital, visitava Santo André.

1995 – Inaugurado o Parque Ecológico do Guapituba, em Mauá, denominado Alfredo Klinkert Junior, nome do antigo proprietário da área.

Denúncia: morador de favela do Grande ABC pagava pedágio a justiceiros. O não pagamento entre dez e 15 reais por família era punido com agressão ou execução.

Reportagem: Gonzalo Navarrete.

MUNICÍPIOS BRASILEIROS

No Estado de São Paulo, hoje é o aniversário da Estância Turístico-Religiosa de Aparecida, município criado em 17-12-1928 por lei estadual que o separou de Guaratinguetá.

Outros 63 municípios aniversariam hoje, a maioria de Minas Gerais, entre os quais Águas Formosas, Alpinópolis, Alterosa, Betim, Inhapim, Liberdade e Volta Grande.

No Rio Grande do Norte, Barcelona, Maxaranguape, Olho-d''Água do Borges e Parnamirim.

No Amapá, Ferreira Gomes, Laranjal do Jari, Santana e Tartarugalzinho.

Na Paraíba, Itatuba e Serra Redonda.

E mais: Bom Jesus (PI), Conde (BA) e Diorama.

São João da Mata

17 de dezembro

Sacerdote francês (1160-1213). Fundou conventos e pregou a cruzada contra os albigenses, que faziam um movimento religioso qualificado como heresia pela Igreja.

Ilustração: Franciscanos




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