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O diferencial humano mais buscado

Eduardo Moura
17/12/2025 | 10:09
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FOTO: DGABC Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


O debate sobre empregabilidade dos jovens brasileiros vem mudando de tom. Se antes a principal preocupação estava em garantir o acesso à formação técnica, hoje o grande desafio é outro: desenvolver de forma integrada as chamadas soft skills, ou habilidades comportamentais, que se tornaram o novo diferencial competitivo e, ao mesmo tempo, o maior gargalo de formação no País. 

Uma pesquisa recente divulgada pela Generation Brazil mostra que 83% dos jovens desejam trabalhar com carteira assinada pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), mas 56% deles afirmam não se sentir preparados para o mercado, mesmo após concluírem cursos profissionalizantes. O dado revela um descompasso entre qualificação técnica e preparo emocional, fator que pesa cada vez mais nas decisões de contratação. 

No instituto em que atuo, uma organização que apoia jovens de baixa renda na inserção no mercado de tecnologia, vemos esse cenário de perto. A competência técnica é básica, mas o que realmente diferencia quem conquista oportunidades é a capacidade de se comunicar bem, trabalhar em equipe, resolver conflitos e lidar com feedbacks. São essas habilidades humanas que sustentam uma trajetória profissional consistente.

A transformação digital e o avanço da inteligência artificial vêm reforçando essa tendência. Relatórios da McKinsey e do World Economic Forum indicam que, até 2030, cerca de 40% das novas contratações serão pautadas por competências comportamentais como adaptabilidade, empatia e pensamento crítico. Em um cenário em que tarefas repetitivas podem ser automatizadas, as habilidades humanas passam a ter valor inegociável. 

No entanto, essas competências raramente são ensinadas. O modelo educacional tradicional ainda privilegia o ‘o que fazer’ e não o ‘como se comportar’. A consequência pode ser uma geração tecnicamente apta, mas emocionalmente despreparada para as dinâmicas do ambiente profissional e para os desafios postos no futuro do trabalho, com as tecnologias emergentes. 

As empresas que desejam atrair talentos precisam compreender essa mudança. Investir em soft skills é investir em sustentabilidade humana, na capacidade de inovação e na cultura organizacional. Não se trata apenas de formar profissionais mais completos, mas de construir ambientes de trabalho que sejam mais resilientes, colaborativos e humanos. 

No fim das contas, talvez a soft skill mais valiosa seja a crença de que é possível evoluir coletivamente. Essa, felizmente, nenhuma tecnologia é capaz de substituir. 

Eduardo Moura é diretor executivo do Instituto Pulse Mais.




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