As vias públicas de toda parte do mundo têm sido, através da história, testemunhas do comportamento humano em seus mais variados modos. Daquelas pessoas que simplesmente as utilizam para o trânsito diário, atrasadas ou não, conversando ou à sós, às que delas se apropriam também para manifestar seu apreço por uma ideia, um governo, um ato religioso, futebolístico... E ainda têm assistido, ruas e avenidas, a movimentos contrários a medidas tomadas por [Leia mais]
O que normalmente se ouve no meio docente das escolas públicas são discussões acaloradas que vão do planejamento a críticas ao sistema educacional e também às estratégias ditadas por aqueles que nunca estiveram dentro de uma sala de aula com a finalidade única de conduzir o aluno à construção do seu conhecimento. E é justamente este último o quesito mais sensível, o tema mais preocupante: o pouco desenvolvimento intelectual que experimenta a [Leia mais]
A polícia subiu o morro, matou e morreu. Aliás, cortejar a morte é exercício corriqueiro nesse meio que, a princípio, tem como papel coibir a violência. Um tanto estranho, diga-se de passagem, isso de fazer da morte um instrumento de combate ao crime. Parece que os agentes da lei veem alguma eficácia no método. Claro que suas balas não atingem a cadeia de comando, cujo endereço não é propriamente a comunidade escolhida para uma visitinha ao raiar do [Leia mais]
E o sambista vinha reclamando de um tal mal-estar que aporrinhava a sua alma e lhe mantinha apreensivo o coração. Uma dor no peito convenientemente atribuída a gases. Muito natural se considerarmos sua idade que ultrapassara os sessenta, meio avançada, aliás, para os dias de hoje. É possível até que daqui a algumas décadas sessentões tenham aparência e disposição de quarentões, assim como quarentões foram considerados velhos um dia. Em se [Leia mais]
O homem lê atentamente a página de esportes. Preocupa-lhe sobremaneira o caminhar lento do seu time. Parece mesmo que dessa vez será rebaixado, e sofrimento assim não deseja ao pior inimigo. Como viver a partir da queda do time do coração é angústia que vem tirando seu sono. As notas do primogênito, seu comportamento na escola são temas irrelevantes na mente transtornada diante de mais uma derrota nessa noite que deveria ser de glória. É, o clube, [Leia mais]
Venta muito nesta manhã de domingo. Ventania que por certo sobrevém de fatos inusitados no campo da política, lá do planalto central do país. Acontecimentos que interferem até mesmo no clima, considerando, inclusive, que fenômeno parecido também vem sendo observado em outras partes do mundo, em que o poder parece estar se deteriorando a olhos vistos. São ventos que ainda falam do mal que se abateu sobre o terreno da diplomacia mundial, e que a [Leia mais]
Não consigo ver uma página em branco sem deitar nela algumas palavras, qualquer que seja o assunto. Sou mesmo incapaz de resistir a esse chamado de que tanta gente duvida da importância. Um dia, aliás, fui abordado por alguém que indagava a respeito da quantidade de temas que devem pairar na cabeça de um cronista para que este possa desenhar um bocado de textos, todos de contornos diferentes e formatos variados, concebidos antes em sua mente e [Leia mais]
O pássaro só é prisioneiro porque canta. Se, por força do destino não fosse dotado de bela voz e excelente afinação, aprisionado, por certo, não estaria. Mas ele não sabe disso. Caso soubesse, é possível que não cantasse, e assim fosse livre como um pardal, uma vez que seu dono não veria graça em manter confinado, para o seu deleite, um ser mudo de cuja garganta não partisse uma só melodia, mesmo que o bicho fosse colorido como um bem-te-vi, que, embora [Leia mais]
No capítulo que trata do cenário atual e suas misérias, lugar em que passamos os dias em busca de notícias que tragam esperança e ensejo de uma vida melhor, desalento é algo que, volta e meia, nos toma de assalto com o intuito único de bulir com o nosso espírito, diga-se de passagem, um tanto exaurido de suas forças, embora alerta. Logicamente que motivo não falta. Não é à toa que, por vezes, nos flagramos na busca frenética por uma série [Leia mais]
Pensar é exercício dos mais praticados quando muito se viveu, quando muito se leu e se observou. Talvez seja essa a razão pela qual minha mente segue inquieta. Diga-se de passagem, mais do que nunca à deriva nesse imenso mar de insensatez que torna enfadonha a tarefa de navegar num cotidiano repleto de dissabores. Tudo o que vivemos hoje, é possível, vem alterando nosso modo de ver as coisas, de tal forma que o inconformismo se apossou do [Leia mais]
Pediram que o povo se retirasse para que fossem destruídas, sem remorso, suas casas, suas escolas, hospitais... e para que fossem mortos, sem culpa, os que ficassem para trás. Bombardearam o território do outro com o vil pretexto de impedir que se desenvolvessem ali armas nucleares. Mataram pessoas com a nobre e justa finalidade de se evitar o mal maior – foi o que disseram. Permaneceram no poder, porque promoveram a guerra, e isso é [Leia mais]
Costumo navegar pelo mar revolto dos noticiários todos os dias. Ele me mantém informado e, ao mesmo tempo, saturado de tanta informação, sobretudo, daquelas que conduzem ao desalento. Por vezes, chego a pensar que talvez fosse mais prudente para com a minha saúde mental me permitir surfar somente nas ondas da ficção, seja por meio da leitura ou pela escrita. Uma forma deliciosa de me desligar da realidade em que estamos mergulhados. Refiro-me a mundos [Leia mais]
Quando me chega um comentário a respeito da educação que se pratica em certos países do oriente ou mesmo de outras partes do mundo, sinto um lampejo de inveja, e sou acometido por forte sentimento de frustração. Seja porque aqui, neste vasto reino Tupinambá, tem-se a falta de educação como produto nacional de primeira linha ou porque a brava gente brasileira, o que é ainda mais grave, nem se dá conta de que navegar na contramão da educação é uma [Leia mais]
É preciso ler o mundo, é preciso ler a vida. Mais do que nunca, é preciso ler as pessoas, seus anseios, devaneios e tendências. O mundo, este mundo é feito de gente, porque, convenhamos, ela, afinal, lhe concede movimento. Não os costumeiros movimentos de rotação e translação. Refiro-me, sim, às energias emanadas dos corações pulsantes daqui deste solo esférico, que, de uma forma ou de outra, fazem rodar as suas engrenagens. Energias nem [Leia mais]
O exercício do pensamento, uma das minhas atividades favoritas, com alguma frequência, me leva ao encontro das memórias. É óbvio, admito, contar com a presença das lembranças quando nos entregamos ao pensamento. Isso soa tão lógico quanto uma equação, afinal. falo como se eu entendesse barbaridades do intrincado universo das equações! De qualquer forma, imagino-as como algo lógico, que pende para o objetivo, nunca ao subjetivo, sobretudo, ao [Leia mais]
O sol, nesses últimos tempos, parece querer nos abraçar, tal qual um animal grande e desajeitado que nos quer bem, mas que nos afaga a seu modo. Imagina, a estrela, que seu calor exagerado serve para livrar do frio nossos corpos e almas, tornando feliz toda gente. Não sabe, contudo, da nossa condição humana, frágil situação à mercê dos seus caprichos e das intempéries do mundo. Se bem que, dada a distância e tamanhos desproporcionais, é provável [Leia mais]
Neste ano, os alunos entraram nas salas de aula sem os telefones celulares. Não foi propriamente uma novidade, muitas escolas tinham adotado a medida. A novidade foi que esta norma disciplinar, agora, é para todo o país. Visa ajudar os alunos no aprendizado. A questão da disciplina é imprescindível para o aprendizado em qualquer circunstância. Sem disciplina não se aprende. Porém, este é um assunto incômodo, amaldiçoado e visto como fora de moda. [Leia mais]
Cansei de escrever sobre a megalomania reinante neste pequeno espaço esférico que abriga também gente pacífica que se habituou a conviver com a insanidade. Acostumou-se ou simplesmente desistiu de pensar numa saída e se conformou, resiliente que é. A loucura rosna com dentes ameaçadores, e sugere que toda a violência deve ser encarada como algo absolutamente natural e necessário, mesmo que se saiba que a mão daninha que a promove, tenciona quase [Leia mais]
A guerra acabou. O acordo que foi celebrado entre as partes determinou o cessar fogo imediato e a troca de reféns de ambos os lados. A suspensão das hostilidades, imagine você, coincidiu com a posse do novo presidente do império, justamente a nação que vinha financiando o massacre de pessoas inocentes por mais de um ano. Muito suspeito isso! Ou não. De repente, o novo monarca sinalizou, de antemão, que não seria tão generoso quanto o anterior, [Leia mais]
Muito se tem falado ultimamente sobre esquerda, direita, sobre conservador e sobre quem nada aspira conservar. Papo recorrente que as mídias, com muita habilidade, propagam pelos quatro cantos em tempo integral, porque fomentar o amor ao sistema vigente é, afinal, o seu papel. E, verdade seja dita, na cabeça da população isso não passa de uma sopa de letras. São palavras que, embora conhecidas, dada a frequência com que são pronunciadas, vagam, [Leia mais]
No carrinho, concebido exclusivamente para comodidade e transporte de bebês, a criança seguia, alheia ao movimento ao seu redor. Também não lhe importava quem a conduzia. Somente seguia pelo caminho previamente traçado por papai e mamãe, que não podia ser outro senão os corredores de um shopping, destino aprazível para um fim de semana frio. Local onde luzes, cores e aconchego imperam como forma de atrair um sem fim de pessoas, presas fáceis dos bancos [Leia mais]
Há muito tempo decidi encarar o ofício de ensinar. Amo sobremaneira o meu trabalho que consiste basicamente em clarear a mente ainda verde, fazê-la amadurecer e oferecer a ela uma oportunidade de dar os primeiros passos no salutar exercício de pensar. E porque sou professor de Português, interpreto textos, os mais variados, volta e meia, com os alunos, para quem a escrita ainda soa complexa demais, condição responsável por aquela preguiça danada que [Leia mais]
Era uma vez, num imenso e idolatrado rincão, uma gente simples que nem suspeitava de que um dia seu sossego seria engolido pela tecnologia que, sorrateira, haveria de afastar as pessoas de tudo o que é bom e natural. Seus filhos se desenvolviam a contento nos estudos, porque seu divertimento se limitava à tímida programação das televisões de então, fascínio de um tempo em que o domínio da tela só engatinhava. E a molecada, durante a folga do dia, [Leia mais]
Sou obrigado a admitir que o fato de ter escolhido as letras e não a medicina coloca em xeque a minha opinião sobre qualquer conversa envolvendo doenças. Se não entendo do riscado, por que, então, opinar a respeito, não é mesmo? Por isso, me sinto pouco à vontade para diagnosticar como enfermidade um mal que acomete alguns indivíduos no decorrer de uma tediosa e, ao mesmo tempo, enfastiante existência. Refiro-me a um tipo de insanidade que leva pessoas [Leia mais]
O tempo consome as horas e os dias. O tempo consome as coisas e todos os anseios para adquiri-las. O tempo consome a alegria e a tristeza. O tempo consome a dor, que se transforma em nada. Apesar de que o nada sempre aspira a tornar-se algo com o passar do tempo. Às vezes consegue, só pelo capricho de, posteriormente, ser consumido. Talvez lhe cause regozijo nascer, mesmo sabendo que terá de perecer um dia. Assim, aliás, é o ser humano. [Leia mais]